MIL, o festival que faz a ponte entre Portugal e o Brasil

O MIL — Lisbon Internacional Music Network, que é ao mesmo tempo uma convenção sobre a indústria musical e um festival com concertos, começa esta quarta-feira. A festa de inauguração é às 22h, no B.Leza, com um espectáculo de colaboração entre os brasileiros Boogarins e os portugueses The Legendary Tigerman, Capitão Fausto e PAUS. Fomos assistir ao ensaio com estes últimos.

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Nuno Ferreira Santos
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“O baixo está massa”, proclama Benke Ferraz, sentado com a guitarra ao colo numa sala do estúdio HAUS, em Lisboa. “Massa”, uma expressão coloquial que significa “muito bom”, é repetida várias vezes ao longo do ensaio da banda de Ferraz, os brasileiros Boogarins, e dos portugueses PAUS, a quem pertence o HAUS. Estamos a meio da tarde de segunda-feira, o quarto de cinco dias de residência dos Boogarins no estúdio a propósito da segunda edição do MIL - Lisbon International Music Network, que vieram a Portugal para uma digressão que já passou pelos Açores e Coimbra e ainda irá a Braga e Porto depois deste festival.

Pouco antes, as duas bandas perguntavam-se o que é que iriam fazer para preparar o concerto de abertura do MIL, esta quarta-feira, às 22h, no B.Leza. Além dos PAUS, os Boogarins tocarão também com Capitão Fausto, que estiveram com eles na sexta-feira, e The Legendary Tigerman, que passou pelo estúdio na terça-feira. O objectivo de cada uma das sessões: criar uma nova composição, gravada no iPhone de Benke, para apresentar ao vivo.

Isto de ir para o ensaio sem saberem o que iam fazer é propositado, explica ao PÚBLICO o próprio Benke num intervalo em que ninguém estava a tocar. “Eu cheguei com algumas ideias que agora já nem estão na música. A gente partiu delas, mas virou outra coisa”, diz. Foi fácil encontrarem afinidades com os PAUS: "Mesmo que as pessoas liguem Boogarins a uma coisa meio psych e anos 60, o último disco, Lá Vem a Morte, tem isso de experimentação, samples e sintetizadores que encaixa muito bem com eles.”

No concerto, conta, vão apresentar, se tudo correr bem, vídeos de cada tema gravado, que tem à volta de dois minutos (além dos nomes consagrados, houve dois dias de sessões com o público que decidiu aparecer e que resultaram em três novas canções). E, depois, "subir ao palco muito nessa de improvisar juntos, já com essas ideias que criámos, não necessariamente tocar uma composição original", explica Benke. Esse concerto será "uma coisa mais aberta" do que um espectáculo típico dos Boogarins, que também se vão apresentar na quinta-feira no MIL, num formato mais normal. “Para mim, o principal desse encontro é o material que estamos a produzir, que vai ficar para sempre", conclui.

O MIL, que vai decorrer em vários espaços no Cais do Sodré entre quarta e sexta-feira, inclui mais de 60 concertos, bem como conferências, masterclasses e conversas sobre a indústria musical, pretende ser tanto para fãs quanto para profissionais e criar uma rede de ligações internacional. Há bilhetes diferentes: só para os concertos custam entre 25 e 35€ (apenas o mais caro dá acesso ao concerto inaugural), para concertos e a outra programação custam 60€. Segundo Pedro Azevedo, o programador do festival, há “quase 400 convidados do mundo inteiro”. Ao PÚBLICO, explica o seu objectivo: “Espero que seja o princípio de se começar a ver Lisboa como um sítio onde se vem primeiro para entrar na América do Sul, nomeadamente no Brasil, e depois descobrir música que não se conhece.”

O programa musical desdobra-se entre o B.Leza, o Musicbox, o Europa, o Lounge, o Rive Rouge, o Sabotage, o Tokyo e o Viking, e as conferências entre o número 9 da Rua da Boavista, o Rua das Gaivotas 6 e o Pólo Cultural das Gaivotas. Os nomes portugueses incluem Best Youth, Ermo, Bruno Pernadas, Chinaskee & Os Camponeses, HHY & The Macumbas, Luís Severo, Mighty Sands, Sean Riley, MONDAY ou Joana Guerra. Os Boogarins não são os únicos nomes internacionais: além dos compatriotas Aeromoças e Tenistas Russas, CARY or not CARY, LaBaq ou Passo Largo, haverá também actuações dos franceses Corine, Elbi ou KO KO MO, dos noruegueses MOKRI/// ou TOFT, dos espanhóis Candeleros, Núria Graham ou Zulu Zulu, da islandesa When ‘Airy Met Fairy, dos belgas Le Motel ou Témé Tan ou dos canadianos L. Teez & AEON SEVEN. A seguir ao festival, há uma festa de encerramento na fábrica da cerveja MUSA, em Marvila, em que se servirá cachupa e que inclui um concerto de Cachupa Psicadélica, além de DJ sets de programadores de festivais internacionais, incluindo o MIL.

Tem tudo para ser massa.

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