No bairro da Urgeiriça estão a ser reabilitadas 32 casas devido à presença de radiação

Segunda fase do projecto avança depois da análise do estudo de outras 68 habitações. Investigador diz que entre 20% a 30% deverão necessitar intervenção.

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Adriano Miranda

A Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) está a avançar com a recuperação de 32 casas do antigo bairro mineiro da Urgeiriça, no concelho de Nelas. Esta era uma velha reivindicação da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), que se reúne neste sábado em congresso.

Na primeira fase estão a sofrer intervenção 32 casas, depois de ter sido levado a cabo um estudo à presença de gás radão entre 2008 e 2009. No entanto, um grupo de 68 casas ficou de fora dessas análises. A segunda fase de intervenção dependerá dos resultados do estudo realizado pelo Laboratório de Radioactividade Natural da Universidade de Coimbra, que se iniciou em Setembro e cujo relatório foi entregue já neste mês. O responsável pelo trabalho, o professor Alcides Pereira, avança ao PÚBLICO que entre 20% a 30% deste segundo grupo de casas necessitará de ser intervencionado. Estes resultados são apresentados neste sábado na iniciativa da ATMU, na Casa do Pessoal da Urgeiriça.

O autor do estudo explica que há uma directiva europeia que estabelece um limite de 300 becquerel (a unidade de medida do gás radão) por metro cúbico. Em várias das casas da Urgeiriça foram detectados valores entre os 300 e 400 becquerel por metro cúbico sendo que, “pontualmente” foram detectados valores “acima dos 1000”. “Há algumas situações que merecem ser rapidamente” resolvidas, refere. No entanto, Alcides Pereira refere que valores entre 300 e 400 becquerel são “normais” na região das Beiras.

A exploração de urânio da Urgeiriça terminou em 2001, sendo a EDM a empresa estatal responsável pela recuperação das antigas áreas mineiras. O bairro da Urgeiriça é constituído por cerca de 135 habitações, construídas então para alojar funcionários da mina. De há vários anos para cá que os moradores das casas têm vindo a pedir a sua requalificação, uma vez que, referem, algumas foram construídas com material retirado de escombreiras.

O presidente da ATMU, António Minhoto, reforça a necessidade da intervenção nas casas e defende também a criação de um centro interpretativo nas antigas instalações da mina. Lembra que, apesar da negatividade associada ao local, e de já terem morrido perto de 170 trabalhadores devido a doenças relacionadas com a actividade mineira, é importante preservar a memória da comunidade.

Igualmente importante, entende Minhoto, é conservar o edificado que resta, como o cavalete, o balneário ou o laboratório. “Passaria a ser também um lugar turístico”, defende. Algo que depende do aval da EDM, que não abordou esta questão na resposta enviada ao PÚBLICO.

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