Comboio descarrila na linha do Douro

Os cerca de 30 passageiros que viajavam no comboio continuaram o percurso de camioneta.

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Este foi o sexto descarrilamento na linha do Douro desde 2015. Nenhum provocou feridos LUSA/PEDRO SARMENTO COSTA

Um comboio de passageiros descarrilou, pelas 8h22, perto da estação do Ferrão (concelho de Sabrosa) na linha do Douro. Não há registo de feridos.

A composição terá chocado contra pedras que caíram sobre a linha.

O comboio tinha saído do Pocinho às 7h17 e deveria ter chegado à Régua às 8h40.

Enquanto decorrerem os trabalhos de carrilamento da composição, a CP irá fazer transbordo rodoviário entre Pinhão e Régua.

Os cerca de 30 passageiros que viajavam no comboio que descarrilou no Ferrão já foram resgatados através de uma composição que, desde a Régua, se dirigiu ao local para os recolher.

A automotora acidentada (uma 592 alugada pela CP à sua congénere espanhola Renfe) sofreu avultados danos materiais e deverá ficar inutilizada durante muito tempo, o que aumenta as dificuldades da CP, que não tem material circulante suficiente para assegurar a sua oferta regular.

Este foi o sexto descarrilamento na linha do Douro desde 2015. Nenhum provocou feridos.

O acidente ocorreu num troço não modernizado da linha do Douro e para o qual não está previsto qualquer projecto de modernização no âmbito do Plano de Investimentos Ferrovia 2020.

A Infra-estruturas de Portugal divulgou um comunicado em que diz que na origem do descarrilamento esteve um deslizamento de terras sobre a linha, decorrente das intempéries que se têm feito sentir nas últimas semanas.

A empresa refere que não se registaram danos na infra-estrutura ferroviária, prevendo-se o restabelecimento da exploração ferroviária logo que a automotora acidentada volte a ser carrilada.

A reabertura da linha, ressalva a IP, só acontecerá quando estiverem garantidos todos os requisitos de segurança.

Os descarrilamentos dos últimos anos ocorreram em troços não modernizados da rede ferroviária onde a vida útil da infra-estrutura já foi excedida e, por esse motivo, é exigido um maior cuidado com a sua manutenção.

No entanto, tem acontecido precisamente o contrário: durante os anos da troika, devido às fortes restrições financeiras impostas às empresas públicas, estas acabaram por descurar os ciclos de manutenção.

Acresce que a política de redução de pessoal levou a que saíssem muitos técnicos e, com eles, muito do know how que hoje não existe nos empreiteiros a quem a Infra-estruturas de Portugal recorre para efectuar contratos de manutenção.

Por outro lado, a própria fusão da Refer com a Estradas de Portugal, que deu origem à Infra-estruturas de Portugal, acabou por atrasar muitos procedimentos para a manutenção das vias férreas e diluir na nova empresa muito do know how ferroviário.

Entretanto, na sequência deste descarrilamento, os deputados do PSD anunciaram que vão solicitar uma reunião urgente com o presidente da IP para esclarecimentos sobre a segurança na Linha do Douro e pedem um levantamento exaustivo dos riscos e problemas da via.

O pedido de audiência com a IP vai ser feito pelos deputados do PSD eleitos pelos distritos de Bragança, Guarda, Viseu e Vila Real. Luís Leite Ramos, parlamentar eleito por Vila Real, afirmou à agência Lusa que é “urgente perceber o que se passa na Linha do Douro e o que está previsto para evitar situações” como a ocorrida esta terça-feira. O deputado social-democrata disse que é preciso fazer um “levantamento exaustivo de todos os problemas e de todos os riscos potenciais que a linha tem neste momento”.

Este descarrilamento vem, segundo o responsável, “dar fundamento às preocupações” que têm sido levantadas pelo PSD relativamente à conservação e manutenção da via-férrea, nomeadamente no que diz respeito à estabilização de taludes.

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