"Querem decapitar a direcção do Benfica"

José Eduardo Moniz revelou que Paulo Gonçalves apresentou a demissão e dissecou o que considera ser uma cabala motivada pela inveja e pela grandeza do clube.

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José Eduardo Moniz falou à BTV sobre o momento do Benfica dr

José Eduardo Moniz, vice-presidente e administrador da SAD do Benfica, reiterou esta quarta-feira, em entrevista à BTV, o pedido feito por Luís Filipe Vieira aos adeptos e sócios do emblema da Luz, apelando à solidariedade e união da família na hora de cerrar fileiras perante os "ataques" a que as "águias" têm sido sujeitas.

Moniz garantiu que o balneário está imune ao clima de desconfiança criado em torno de algumas figuras do clube, nomeadamente de Paulo Gonçalves, assessor jurídico detido no âmbito da operação e-Toupeira. E depois de historiar e apresentar argumentos para tentar aclarar as principais polémicas que ameaçam a honorabilidade da instituição pediu um voto de confiança, afirmando que o que move as denúncias anónimas e as consequentes investigações é um sentimento de inveja perante a grandeza do Benfica, na esperança de "decapitar a direcção do Benfica para lançar o caos de forma a que volte a ser o que era há muitos anos atrás".

A intervenção de José Eduardo Moniz surge pouco depois da divulgação de um comunicado "em defesa do bom nome do SL Benfica", com o dirigente encarnado a reafirmar o que Luís Filipe Vieira dissera relativamente à violação do segredo de justiça configurado no processo e-Toupeira.

"Nem eu nem os meus pares tivemos acesso a qualquer informação. Não sei nada sobre o tema e os meus colegas também não sabem", esclareceu, alegando que teve apenas conhecimento "pela imprensa", que acusou de antecipar as diligências da própria Polícia Judiciária, acompanhando em tempo real buscas e execução de mandados de detenção. Moniz decalcou inclusive as palavras do presidente, garantindo que "não houve, não há nem nunca haverá" fundamento nestas acusações de corrupção, bem como de uma rede de informação sobre FC Porto e Sporting.

"Desconheço a existência de qualquer rede para obter informação reservada a mando da Direcção ou da SAD do Benfica", assumiu, sublinhando o facto de estar no clube por "amor e sem ganhar um tostão" com o único intuito e sentido de missão de "zelar pelo património, interesses, imagem e credibilidade" da colectividade, sem permitir que haja "danos", agindo sempre com "extremo cuidado", dentro dos princípios de seriedade mesmo admitindo não "ser uma casa de santos com asinhas nas costas".

No alinhamento de questões que pretendiam clarificar algumas notícias surgiu a "preparação" de funcionários do clube para a eventualidade de serem levadas a cabo buscas no estádio. Moniz assumiu ser essa uma função dos advogados, de forma a colaborar com a justiça, socorrendo-se dos tempos em que enfrentou diversos processo na RTP e na TVI para desmistificar uma questão que reflecte "apenas o profissionalismo" do departamento jurídico.

Moniz abordou a detenção de Paulo Gonçalves e revelou que o assessor jurídico apresentou a demissão... ao mesmo tempo que garantia não existir nenhum braço direito do presidente.

"Fomos apanhados de surpresa, confrontados com uma situação grave e difícil. Mas o Benfica agiu com prudência, não se precipitando, esperando pelo curso da Justiça" que classificou de "muito lenta" e com timings diferentes dos media.

"Aguardámos que a juíza de instrução se pronunciasse e o que nos levou a reforçar a confiança no doutor Paulo Gonçalves foi o facto de ter saído em liberdade, a permissão de poder continuar a frequentar o Estádio da Luz e poder voltar ao trabalho, assumindo funções normalmente", declarou, confiando que Paulo Gonçalves terá capacidade para se defender e esclarecer as acusações que lhe são imputadas.

A propósito do braço direito, Moniz lançou a primeira farpa a Rui Gomes da Silva, comentador, sem especificar se as declarações sobre ratos se referiam ao antigo dirigente do Benfica.

"Somos todos braços direitos do presidente. O único que exigiu ser número dois saiu", atirou, voltando ao tema no final da entrevista, para, sem rodeios, concluir.

"Não vou dedicar-lhe atenção. Tive que o fazer há uns anos, quando alguém lhe deu poder como ministro. Nessa época tentou interferir na TVI, censurando Marcelo Rebelo de Sousa, o actual Presidente da República, que acabou por deixar o canal. Portanto, não penso... dispenso".

Moniz exigiu ainda uma "intervenção drástica" da Justiça em casos similares, aludindo a divulgação de documentos sob segredo de justiça por parte de "um blog ligado ao Sporting", passando de imediato à criação de um Gabinete de Crise.

Apoiando-se no passado de jornalista, garantiu que tal não configura nenhum tipo de censura ou ataque à liberdade de imprensa, ao contrário das declarações do líder do Sporting. Mas Moniz tentou amenizar o tema, explicando que o gabinete não é mais do que um "mecanismo de acompanhamento" atento para dar "respostas adequadas" e ágeis ao que considera ser o maior ataque feito a uma instituição.

"No início pensámos que seria uma nuvem passageira, que acabou por assumir proporções que nos obrigaram a agir. Mas a intenção é de fazer o acompanhamento. Os jornais são livres de publicar o que quiserem. Mas estaremos prontos a responder a calúnias, mentiras e manipulações".

 

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