Cristas pisca o olho aos que não se revêem no PS a pensar em 2019
Na sessão de encerramento do Congresso do CDS, líder do partido faz da demografia, da coesão territorial e da economia digital os eixos estratégicos da sua agenda para os próximos dois anos.
A presidente do CDS, Assunção Cristas, piscou neste domingo o olho a todos aqueles que não acreditam no Partido Socialista e não se revêem nas “esquerdas encostadas”, declarando que têm no CDS “uma escolha clara, uma escolha segura, uma escolha inequívoca”. Afirmações feitas no discurso de encerramento do 27.º congresso do partido, em Lamego.
Prometendo um combate persistente ao executivo de António Costa, Assunção Cristas, que entrou na sala ao som da música There’s Nothing Holding Me Back, reiterou que o “CDS é a alternativa ao Governo socialista”, vincando que “hoje o voto útil acabou” e defendendo: “Em 2015 a nossa prática político-constitucional mudou: há um antes e um depois de 2015.”
“Se em 2015 muitos portugueses foram ao engano, porque não tinham qualquer referência para poder antecipar e perceber o que depois aconteceu, agora já ninguém irá ao engano. Hoje o voto útil acabou. Hoje o voto de cada português é mais livre do que nunca. Acabou o voto para o primeiro lugar”, sublinhou, referindo depois que “em 2019, para governar, não é preciso ficar em primeiro lugar, é preciso garantir o apoio de um conjunto de 116 deputados! E acredito, chegaremos com mais facilidade a esse número somando deputados depois das eleições”, defendeu.
“Queremos ser a primeira escolha. Como já disse há dois anos: com ambição, responsabilidade e realismo, vamos trabalhar para sermos a primeira escolha dos portugueses. E estamos a fazer esse caminho. Estamos a fazer esse trabalho”, insistiu, prometendo que não se desviará do rumo traçado há dois anos e que – disse – “se revelou certeiro”.
Dirigindo-se aos congressistas, referiu que este foi o “congresso da afirmação da estratégia e da abertura do partido” e mostrou que o “CDS está mais perto das pessoas” e que para o partido entraram nos últimos dois anos 4166 militantes. “E já hoje recebi mais fichas de novos militantes. São a prova de um partido a crescer e a abrir-se, de um partido que se quer feito por todos e quer falar para todos, de um grande partido de representação da nossa sociedade”.
“Há todo um país que quer ser representado pelo CDS. Podem confiar em mim. Não vos desapontaremos. Não vos desapontarei”, prometeu a líder perante um pavilhão cheio de militantes e de convidados.
“Aos que continuam e aos que se juntam agora, prometo o mesmo de sempre: muito ânimo e muito trabalho. E, confiem em mim, os resultados aparecerão”, prosseguiu.
“[Quero] dizer-vos que manteremos o rumo, o rumo de um partido que cresce, de um partido mais aberto, de um partido mais próximo de todos. De um partido que está bem fundado nos valores e nos princípios da democracia cristã e se assume como o partido do futuro do centro e da direita em Portugal”, sustentou a presidente do CDS.
Demografia, território e economia
Num longo discurso, Assunção Cristas vincou a ideia de que o “CDS é, e será, cada vez mais, a casa do centro e da direita em Portugal. Somos a alternativa, a opção dos que rejeitam o socialismo que nos governou em 14 dos últimos 20 anos, que passou 14 anos a endividar-nos, a comprometer o futuro das novas gerações, a afastar-nos da média europeia.”
“Somos a esperança, a opção dos que desconfiam de um PS encostado à esquerda radical, incapaz de preparar o país para os desafios de um mundo em mudança, agarrado a ideias velhas e a vícios antigos; somos a escolha sensata, a opção dos que sabem que temos de nos preparar para um mundo mais veloz e em transição, e que esse trabalho deve ser feito com ponderação, sem deixar ninguém para trás”, proclamou Cristas.
Antes de anunciar os eixos prioritários da sua agenda política para os próximos dois anos, a líder puxou pela auto-estima do partido e atirou: “Acima de tudo o CDS é um partido de futuro. E o que proponho é simples: clareza na orientação política, afinco na definição das políticas”.
Embalada pelos aplausos, quis mostrar trabalho feito. “Estivemos um passo à frente na apresentação de propostas em domínios como a natalidade, o envelhecimento activo e a protecção dos idosos, a Segurança Social, a educação, a saúde, a prevenção do terrorismo, a supervisão bancária, a fiscalidade, os fundos comunitários ou a justiça”, apontou, deixando a promessa que o partido vai “continuar a estar um passo à frente”.
“E quando me perguntam se não estamos a dar um passo maior do que a perna, a resposta é simples: não duvidei nunca dos passos decididos de um partido que sabe onde está, sabe o que quer, sabe para onde vai e, sobretudo, tem esta militância”, afirmou, garantindo que vai “dar atenção cimeira às questões estruturais do país”.
A líder do CDS está empenhada “em aprovar políticas que permitam a transição e a mobilidade para este novo mundo”. “Na área da formação, do ensino, da investigação, das prestações sociais. Temos de adaptar o sistema de educação, pois estamos a ensinar para profissões que ainda nem existe.” E acrescentou: “Temos de garantir que os sectores menos dinâmicos têm os instrumentos necessários para fazer a sua transição. A função do Estado não é impedir a mudança mas é, seguramente, criar instrumentos de adaptação para que a mudança possa ser aproveitada da melhor forma possível”.
“A natalidade, ou a falta dela” vai continuar na agenda democrata-cristã. E depois focou-se nestas questões das mudanças porque – frisou – “aquilo que verdadeiramente distingue os partidos é a sua capacidade de apresentarem políticas que preparem o país para as mudanças e os desafios”.
Puxando dos galões, atirou: “Estamos um passo à frente nas soluções porque estamos um passo à frente no pensamento político, porque tem políticos e militantes que estão um passo à frente na discussão e na acção. Por tudo isto há, para nós, três áreas prioritárias, que quero sublinhar: demografia – da natalidade ao envelhecimento activo e à protecção dos idosos (…); território – entendido em toda a sua amplitude – mundo urbano, rural e mar – e com atenção particular à coesão territorial e ao impacto das alterações climática e inovação: a economia digital, as novas profissões e as oportunidades que também abrem para o nosso território e o salto empreendedor”.
Com as eleições regionais e europeias no horizonte, o CDS quer preparar-se para o combate ao Parlamento Europeu com ambição e eleger mais um deputado do que em 2014.
“Nas eleições europeias trabalharemos todos intensamente com o Nuno Melo para que consiga dobrar o resultado (…)”, declarou, anunciando que vai propor aos órgãos nacionais que, junto com o Nuno Melo, sejam também candidatos ao Parlamento Europeu Pedro Mota Soares, (deputado) Raquel Vaz Pinto (professora universitária)e Vasco Weinberg (jurista, especialistas em direito do mar).
Quanto às legislativas, reafirmou que o “CDS é uma alternativa forte, coesa e empenhada ao Governo socialista apoiado pelas esquerdas encostadas”. E regressou às críticas ao Governo, acusando-o de “imobilismo” e de se “limitar a aproveitar as ondas boas, não resolvendo as dificuldades”.