Terra Franca é a primeira longa-metragem de Leonor Teles, cuja curta, Balada de um Batráquio, ganhou o Urso de Ouro em Berlim no início de 2016. O filme, que "acabou por ser mais documentário" do que Leonor Teles "achava que iria ser" e que, "como qualquer bom documentário, tem muita ficção à mistura", vai ser apresentado na 40ª edição do Cinéma du Réel, o festival de cinema documental parisiense - realiza-se no Centro Pompidou. Tal acontecerá a 25 de Março. 

Ao Ípsilon, a realizadora, que filmou na sua Vila Franca de Xira natal, conta que Terra Franca "acompanha um ano na vida de um pescador" que trabalha no Rio Tejo, Albertino Lobo, começando no final do Verão e acabando no início do Verão seguinte. 

Foi filmado ao longo de quase dois anos, e está a ser planeado há muito mais: "Fui filmar umas coisas em Vila Franca, fomos filmar a um sítio que se chama Praia dos Cavalos, fui de barco com ele e atravessámos o Tejo. Lembro-me dessa viagem e de ter ficado completamente sem palavras para descrever a postura deste homem quando estava no seu meio. Senti mesmo que ele dominava ali, que a vida dele era aquilo. Foi há muitos anos, quando estava na faculdade, e ficou uma imagem visual gravada na minha cabeça."

A realizadora adiciona ainda que começou a pensar mesmo no filme em 2014 e só começou a filmar em "finais de 2015". "Acabou por ser um período maior do que esperava, precisava de tempo para estar com eles, para os conhecer, para saber o que iria ser o filme, para onde iria caminhar", explica. "Comecei a trabalhar sozinha, depois tinha alguns problemas, tive de investir muito em pós-produção", continua, afirmando ainda que houve partes que tiveram de ser refilmadas.