Weinstein Company é vendida e evita a falência
A produtora de cinema co-fundada por Harvey Weinstein tinha anunciado esta segunda-feira que iria declarar falência. O fundador enfrenta dezenas de queixas de abuso sexual.
A Weinstein Company e um grupo de investimento liderado por Maria Contreras-Sweet e Ron Burkle chegaram finalmente a acordo e o negócio da compra da empresa foi viabilizado, evitando a falência da produtora de cinema. Os investidores anunciaram esta quinta-feira que os activos da empresa, que incluem 277 filmes e programas televisivos, serão vendidos pelo valor de 500 milhões de dólares (406,6 milhões de euros ao câmbio actual) e que o negócio deverá ser finalizado num prazo de 40 dias.
A produtora de cinema entrou em risco de falência perante o avolumar de processos contra o seu fundador, Harvey Weinstein, acusado de abusos sexuais por mais de 80 mulheres. O negócio deverá agora viabilizar a empresa, da qual Weinstein já não faz parte.
Maria Contreras-Sweet, que pertenceu a um conselho consultivo para pequenas empresas durante a Administração Obama, afirmou, segundo a BBC, que os novos proprietários vão refundar a empresa, com um novo conselho de administração maioritariamente feminino e “com uma nova visão”.
Citada pela mesma televisão, a empresária elencou outros objectivos: salvar cerca de 150 empregos, pagar dívidas aos fornecedores (sobretudo pequenas empresas) e criar um fundo de compensação para as vítimas dos abusos de Harvey Weinstein, "que complementaria a cobertura do seguro existente para aqueles que foram prejudicados". O fundo terá um valor de 90 milhões de dólares (73,7 milhões de euros ao câmbio actual).
O procurador-geral de Nova Iorque, Eric Schneiderman, que aprovou esta quinta-feira a venda da empresa, mostrou-se satisfeito com os compromissos assumidos pela nova administração. "Como parte dessas negociações, estamos satisfeitos por termos recebido compromissos de que a nova empresa criará um fundo de compensação de vítimas real e bem financiado, implementará políticas de recursos humanos que protegerão todos os funcionários e não recompensará injustamente os maus actores ", disse ao New York Times.
O acordo prevê ainda que o novo grupo de investimento assuma uma dívida de cerca de 225 milhões de dólares. De acordo com o New York Times, o conselho de administração cessante da Weinstein Company considerou positivo o desfecho do processo negocial, atendendo às circunstâncias "incrivelmente difíceis" geradas pelo escândalo em que o fundador envolveu a produtora de cinema.
Texto editado por Pedro Guerreiro