“Temos muito poucos meses” para os consensos, avisa Marcelo

Com o líder do PSD ao lado, o Presidente da República avisou que espera convergências rápidas entre os partidos sobre as prioridades do Portugal 2020 e a descentralização. 2019 é já a seguir, lembrou.

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Marcelo avisou o PSD que o tempo escasseia para as convergências LUSA/MÁRIO CRUZ

Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio chegaram com poucos minutos de intervalo, subiram juntos e sentaram-se na primeira fila, o presidente do PSD à direita do Presidente da República. No lançamento do dicionário de termos europeus Europa de A a Z, coordenado pelo eurodeputado Carlos Coelho, só o primeiro falou, e olhando muitas vezes para o seu antigo secretário-geral. Algumas frases soaram a avisos.

“Temos poucos meses, muito poucos, para debatermos e decidirmos o que há para decidir”, disse o chefe de Estado, referindo-se a uma “oportunidade única" para portugueses e europeus de não deixarem passar ao lado "decisões essenciais para o nosso povo". Referia-se explicitamente às questões europeias, mas o que disse aplica-se como uma luva ao pensamento que tem sobre Portugal e a procura de convergências entre esquerda e direita.

Se começou por referir-se aos assuntos europeus – elencou temas como crescimento e emprego, migrações, o futuro da união económica e monetária, da união bancária, a segurança, a defesa, o relacionamento com a Aliança Atlântica, o papel da União Europeia no mundo -, também falou explicitamente do país.

“Nós portugueses, [temos muito poucos meses] para debatermos como vamos lutar para não deixarmos perder a coesão social e territorial, e que prioridades vamos eleger cá dentro e na Europa, para o período crucial iniciado em 2021, não esquecendo que somos uma plataforma de culturas e civilizações, oceanos e continentes”, afirmou. Uma referência explícita aos dois temas estruturais para os quais espera que PS e PSD se entendam: fundos estruturais pós-2020 e descentralização, a arma que tem preconizado para a coesão territorial .

“É agora que temos de pensar, de falar, de juntar esforços, de promover convergências, de definir e tentar fazer vingar objectivos. Não é daqui a meses, em pleno ano eleitoral de 2019, quando já for tarde”, insistiu, fazendo lembrar que no próximo ano há eleições europeias e legislativas, além das regionais da Madeira.

À saída, já sem rui Rio ao lado, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou aos jornalistas que o almoço que teve com o líder do PSD “correu muito bem, como correm sempre com os vários líderes partidários”. “Agora, com o quadro global, eu penso que há certas matérias que são efectivamente importantes para discussão imediata e uma delas é a Europa – há uma série de questões europeias – e a outra é a descentralização”, confirmou.

Sobre a última, acredita que é possível encontrar convergências “em tempo útil”, mas não quis dizer se considera suficiente a transferência de competências para as autarquias: “Quem tem de se pronunciar são os partidos, eu depois esperarei aquilo que votem no parlamento para me pronunciar”.

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