Ordem dos Médicos vai mandar artigos sobre medicina chinesa ao ministro da Saúde
Dirigentes da Federação Nacional dos Médicos e da Ordem acompanharam jovens especialistas na entrega de carta de protesto contra o atraso na abertura de concursos para a colocação em estabelecimentos do SNS.
Além dos representantes da Ordem dos Médicos (OM), o grupo de recém-especialistas da área hospitalar que nesta quinta-feira à tarde foi à Assembleia da República entregar uma carta aberta em protesto pela não abertura de concursos, contou com dirigentes da Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
Em causa está o atraso na abertura de concursos para colocar nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais de 700 médicos que terminaram as especialidades hospitalares e de saúde pública em Abril e Outubro de 2017.
À saída do encontro na Comissão de Saúde, o bastonário Miguel Guimarães voltou a dizer, como já tinha adiantado ao PÚBLICO, que criou uma morada electrónica para os clínicos denunciarem situações de “deficiência e insuficiência” (denuncias@ordemdosmedicos.pt). O bastonário acrescentou que vai enviar ao ministro da Saúde artigos científicos sobre os problemas associados à medicina tradicional chinesa. São duas “formas inéditas” de protesto, explicou, citado pela Lusa.
A OM está contra a portaria conjunta dos ministérios da Saúde e da Ciência e Ensino Superior, publicada na semana passada, que validou a criação de ciclos de estudos de quatro anos que vão conferir o grau de licenciado em medicina tradicional chinesa. Logo nessa altura, o bastonário acusou o Governo de estar a ameaçar a saúde dos portugueses e avisou que avançaria para “formas inéditas” de mostrar o descontentamento dos médicos.
Quanto ao processo relativo aos concursos dos recém-especialistas, esse está no Ministério das Finanças, esclareceu na quinta-feira o ministro Adalberto Campos Fernandes. "São precisas duas assinaturas e um despacho conjunto (...). Este ano há um atraso maior porque o processo está no Ministério das Finanças à espera de ser concluído", disse à Lusa.
A OM e os sindicatos têm-se desmultiplicado em críticas aos atrasos neste processo, porque o governante tinha assegurado, no início de Janeiro no Parlamento, que os concursos iriam ser abertos “dentro de dias”. Mas até agora apenas foram abertos os concursos para colocar os recém-especialistas em medicina geral e familiar nos centros de saúde.
Na semana passada, Adalberto Campos Fernandes adiantou que o despacho para a contratação destes jovens médicos de família ia avançar e assumiu então que houve um atraso que “gostaria de ter evitado” na abertura dos concursos para os 710 médicos que acabaram em Abril (os da primeira época de avaliação) e em Outubro (os da segunda fase) os internatos em especialidades hospitalares.
“É uma vergonha nacional. Os médicos estão indignados. Manter estes médicos a trabalhar como internos prejudica os doentes. Se somarmos a isto os problemas dos serviços de urgência, a pressão para apresentar números, as listas de espera... O ministro da Saúde esticou a corda até ao limite", contesta agora Miguel Guimarães.
Segundo o Sindicato Independente dos Médicos, pelo menos 200 dos cerca de 700 médicos recém-especialistas hospitalares já terão saído para o estrangeiro, para o sector privado ou para parcerias público-privadas, desistindo de aguardar pela abertura de concursos.