Receitas dos Jogos da Santa Casa: Açores e Madeira vão receber mais 17 milhões de euros por ano
Conselho de Ministros aprovou diploma que redefine redistribuição das verbas provenientes dos "totojogos".
São cerca de 17 milhões de euros anuais que passam a ser transferidos para cada uma das regiões autónomas, através de um decreto-lei que altera a forma como os resultados líquidos dos jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) são distribuídos. O diploma, que foi aprovado este mês em Conselho de Ministros, vem dar cumprimento ao disposto no artigo 36.º da Lei das Finanças Regionais (LFR), de 2013, que previa a atribuição de uma percentagem das receitas dos jogos da SCML aos Açores e à Madeira, mas que nunca saiu do papel.
Ponta Delgada e Funchal aplaudem a iniciativa do Governo e reivindicam ambas os créditos. “É sinal de que as negociações que vêm sendo estabelecidas entre a região e o Governo da República estão a seguir no bom sentido e estão a dar resultados”, reagiu em comunicado o vice-presidente do executivo madeirense, Pedro Calado, sublinhando que o decreto-lei vem ao encontro de uma “reivindicação muito antiga” da Madeira.
Dos Açores ouviu-se o mesmo, também da vice-presidência. Sérgio Ávila falou da “enorme satisfação” de ver uma “antiga reivindicação” ser cumprida. “O actual Governo da República cumpriu, pela primeira vez, aquilo que está definido na LFR, que é as regiões autónomas terem direito às receitas correspondentes aos jogos sociais na percentagem da proporção da população no contexto nacional”, destacou Ávila, contabilizando em cerca de 17 milhões de euros o valor dessa transferência anual.
“Esta medida representará uma receita para a Região Autónoma dos Açores de cerca de 17 milhões de euros por ano e corresponde a uma reivindicação antiga que o anterior Governo da República nunca cumpriu”, acrescentou o titular da pasta das Finanças Públicas, dizendo que a verba, que tem efeitos retroactivos a 1 de Janeiro deste ano, já estava contabilizada no orçamento regional 2018.
No caso da Madeira, a medida representa igualmente um encaixe financeiro considerável. “Vai fazer com que a região, em vez de receber cerca de 1,400 milhões de euros, como acontecia até aqui, passe a receber mais 16 milhões, que serão canalizados, particularmente, para as políticas sociais deste governo regional, em especial na área da saúde e da educação”, quantifica Pedro Calado.
O decreto-lei dá corpo a uma proposta apresentada em São Bento pelo parlamento madeirense em Julho passado, que pretendia alterar a distribuição do resultado líquidos dos jogos da SCML, afectando à Madeira 2,47% e aos Açores 2,38%. Os cálculos assentam na população residente nos dois arquipélagos face ao total nacional, calculada com base nas estatísticas de 2016 do Instituto Nacional de Estatística.
A nova legislação manteve a proporcionalidade na distribuição das verbas para as restantes entidades beneficiárias. Ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança cabe a maior fatia (32,98%), seguido da própria SCML que retém 26,52% das receitas dos jogos sociais. Para o Ministério da Saúde é transferido 15,70%, para a Educação um pouco mais de 10%, ficando a Presidência Conselho de Ministros com 3,88% e o Estado com 2,18%.