OMS recomenda partos menos medicalizados e menos intervenção dos profissionais

Numa nova recomendação sobre os nascimentos e partos emitida esta semana, a Organização Mundial da Saúde vem pôr em causa orientações que foram adoptadas duraram décadas.

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Nelson Garrido

A Organização Mundial da Saúde recomenda que as equipas médicas e de enfermagem não interfiram no trabalho de parto de uma mulher de forma a acelerá-lo, a menos que existam riscos reais de complicações.

Numa nova recomendação sobre os nascimentos e partos emitida esta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem pôr em causa orientações que foram adoptadas duraram décadas e que indicavam que um trabalho de parto que progride com uma taxa de dilatação do colo do útero menor que um centímetro por hora não fosse considerado normal.

Perante este cenário, muitas vezes as mulheres recebem oxitocina para acelerar o trabalho de parto ou acabam por ser encaminhadas para cesarianas ou para trabalhos de parto com fórceps.

Na sua nova orientação, a OMS pediu a eliminação da referência à dilatação de um centímetro por hora.

"Pesquisas recentes mostraram que esta linha não se aplica a todas as mulheres e que cada nascimento é único", disse Olufemi Oladapo, perito em saúde materna da OMS.

Segundo o responsável, a recomendação vai no sentido de indicar que esse limite de um centímetro de dilatação "não deve ser usado para identificar as mulheres em risco".

Para a OMS, muitas mulheres preferem um nascimento natural e confiam nos seus corpos para dar à luz o seu bebé sem intervenção médica desnecessária.

A organização considera que, mesmo quando a intervenção médica é necessária, é preciso incluir as mulheres na tomada de decisões sobre os cuidados que recebem.

A nova recomendação reconhece que cada trabalho de parto é único e que a duração da primeira etapa do processo varia de uma mulher para outra.

OMS emitiu 56 recomendações

O documento divulgado esta semana pela OMS inclui 56 recomendações sobre o que é necessário para o trabalho de parto e imediatamente após a mulher ter o bebé.

Nas recomendações inclui o direito a ter um acompanhante à sua escolha durante o trabalho de parto e respeito pelas opções e tomada de decisão da mulher na gestão da sua dor, nas posições escolhidas durante o trabalho de parto e ainda o respeito pelo seu desejo de um parto totalmente natural, até na fase de expulsão.