“Pais com amor” quer portugueses a mostrar dia-a-dia com filhos

Para promover a igualdade de género no terreno da parentalidade, a Embaixada da Suécia quer dar visibilidade aos pais que decidem passar mais tempo com os filhos. Inscrições no concurso de fotografia vão até 9 de Março.

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Paulo Pimenta

Pensar em afectos nem sempre nos remete para o frio do Norte, mas é de lá que nos chega inspiração para os pais portugueses. Com o Dia dos Pais no horizonte, a Embaixada da Suécia em Lisboa lança nesta quinta-feira o concurso “Pais com Amor”, lançando aos homens portugueses um desafio: mostrar os seus momentos mais próximos com os filhos. A ideia é ir directamente ao quotidiano para mostrar como é ser pai no dia-a-dia, desde mudar fraldas até pôr a roupa a lavar, passando por “domar as feras” enquanto é preciso arrumar a casa ou preparar uma refeição. E, claro, os momentos de mimo.

A Suécia é um dos países com a maior licença de parentalidade do mundo: pode ir até 480 dias para os pais partilharem até a criança completar oito anos. Destes, 90 dias são exclusivos para cada membro do casal. Por comparação, em Portugal, a licença parental tem uma duração até 150 dias, dos quais a mãe tem direito a seis semanas obrigatórias após o parto e o pai tem direito a 15 dias no primeiro mês de vida da criança. Na Suécia, apesar dos esforços do Governo, os homens ainda só aproveitam cerca de um quarto da licença parental do casal, indo pouco além dos “três meses do papá” - mas são sementes que vão dando frutos quando o objectivo é cultivar a igualdade de género no terreno da parentalidade.

“Ter estado em casa com as crianças ajudou-me a conhecê-las melhor, a compreendê-las melhor”, conta Sten Engdahl, conselheiro da Embaixada da Suécia em Lisboa. Além do impacto positivo no desenvolvimento dos filhos, os benefícios também se sentem no equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal: “Estar em casa com as crianças não significa que não tenha tido tempo ou possibilidade de me focar no trabalho, pelo contrário, significou melhores resultados. Além disso, tive maior compreensão do que é ser pai, e também do que significa gerir a casa.”

"Mais saudáveis e mais... mais evoluídos"

Um dos pais que aceitou o desafio da Embaixada da Suécia é o actor Pedro Lima, casado com a ceramista portuguesa Anna Westerlund, de origem sueca. Para o concurso, conta ao PÚBLICO, escolheu mostrar um momento com os filhos mais novos - Mia, de dez anos, Max, de sete, e a pequena Clara, com um ano e meio - numa actividade que bem conhece: a praticar desporto. Para o ex-nadador, desenvolver laços com as crianças é fundamental para o seu bem-estar. “O facto de terem a presença do pai e da mãe ao longo do seu crescimento, em todas as áreas da vida, torna-os mais saudáveis e mais... mais evoluídos, eu diria”, comenta. “Oferecer aos cidadãos a oportunidade de escolherem como é que fazem o acompanhamento dos filhos é uma característica que testemunha o avanço social da Suécia”, considera o actor.

As licenças partilhadas existem na Suécia desde 1974, quando foi o primeiro país do mundo a acabar com a “licença de maternidade” e criar uma versão mais neutra, que deveria ser repartida, de 180 dias. Mas ainda hoje são as mulheres suecas que usufruem da maior parte do tempo de licença.

Foi para reconhecer e celebrar a pequena percentagem de pais que tiram mais do que seis meses da licença para ficar com os filhos que o fotógrafo Johan Bävman, que também tomou essa decisão, reuniu histórias de 25 homens que fizeram escolhas semelhantes. É junto a estes retratos do trabalho documental “Swedish Dads” - “Papás Suecos”, que tem corrido vários países pela mão do Instituto Sueco - que vão estar as melhores fotografias portuguesas do concurso “Pais com Amor”.

O prazo para envio das fotografias acaba a 9 de Março, por email, e as condições do concurso estarão no site da Embaixada Sueca em Lisboa. Os vencedores serão anunciados no Dia dos Pais, 19 de Março, e o conselheiro Sten Engdahl explica que a ideia é fazer desta uma exposição itinerante, “mostrando-a em vários locais em Portugal”.

Ouça a entrevista a Sten Engdahl sobre a importância das políticas de promoção da igualdade de género na sua experiência enquanto pai no podcast Do Género.

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