Relatório aponta "bom estado global" do carvalho que caiu no Monte
Câmara Municipal do Funchal remeteu ao Ministério Público a versão preliminar do relatório técnico da peritagem que solicitou na sequência da queda de um carvalho no Largo da Fonte.
O carvalho que caiu em Agosto do ano passado na freguesia do Monte, provocando 13 mortos e 50 feridos, apresentava um "bom estado global", revela o relatório preliminar da peritagem pedida pela Câmara do Funchal, divulgado esta segunda-feira.
Em comunicado, a Câmara Municipal do Funchal informa que remeteu já ao Ministério Público a versão preliminar do relatório técnico da peritagem que solicitou na sequência da queda de um carvalho no Largo da Fonte, na freguesia do Monte, no dia 15 de Agosto de 2017.
O relatório preliminar, publicado no 'site' da autarquia, para efeitos de consulta pública, foi elaborado pelo perito independente Pedro Ginja, engenheiro agrícola e arboricultor profissional com formação avançada em Arboricultura Urbana, com a colaboração de Gerard Passola Parcerissa, biólogo, membro do Colégio de Biólogos da Catalunha e especialista em Arboricultura.
A versão preliminar considera que "num passado recente não se registou nenhum incremento da inclinação" e que o tronco se encontrava "totalmente são em toda a sua extensão". É referido ainda que "a ruptura teve origem na base" e que a "árvore apresentava um crescimento da área anelar nos últimos anos" que evidencia "um incremento da vitalidade", sendo que "a parte visível da base não apresentava nenhuma anomalia".
Conclui, por isso, que a árvore apresentava um "bom estado global", inexistindo qualquer lesão ou anomalia que possa ter interferido na sua queda, não tendo sido encontrados "defeitos na estrutura mecânica da árvore ou cargas externas naturais (vento ou outras) que justifiquem a rotura repentina da grande raiz de tensão, que se encontrava integralmente sã, e o consequente colapso do carvalho".
O relatório levanta "como hipótese que a explicação para a rotura da raiz de tensão esteja relacionada com um sobre esforço a que foi sujeita por uma movimentação do solo, provavelmente na zona rochosa encontrada a sul".
Os autores defendem que devem "ser encetados estudos subsequentes de caracterização da geologia, da pedologia, da geotecnia, em especial no que concerne à mecânica dos solos, e as respectivas relações com as questões da acústica (som emitido pela actuação dos conjuntos musicais e detonação dos fogos de artifício) e da detónica (fogos de artifício: caracterização das ondas de choque, caracterização dos materiais - solo e árvore - ao choque e avaliação de possíveis danos)".
Consideram ainda "que também deverá ser estudado o possível efeito das vibrações mecânicas de uma máquina giratória que trabalhou com um martelo pneumático na Ribeira de Santa Maria, próxima do local".
A Câmara Municipal do Funchal aguarda, agora, a entrega do relatório técnico final da peritagem do incidente que a 15 de Agosto de 2017 causou 13 mortos e 50 feridos, entre residentes e turistas. Nesse dia, dia da Assunção de Nossa Senhora ou Nossa Senhora do Monte, como é conhecido na Madeira, o carvalho tombou no Largo da Fonte sobre uma multidão que aguardava a passagem da procissão da padroeira da região.
Na sequência do acidente, o Ministério Público confirmou em janeiro a constituição de três arguidos: o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo, a vereadora da Câmara Municipal do Funchal com o pelouro do Ambiente Urbano, Espaços Verdes e Espaços Públicos, Idalina Perestrelo, e o chefe de Divisão de Jardins e Espaços Verdes Urbanos da autarquia.