Administração do Hospital de Santa Maria vai ao Parlamento explicar fecho de camas

Bloco de Esquerda quer que administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte explique por que razão fechou camas no Pulido Valente para "entregar 44 camas à exploração da Santa Casa da Misericórdia".

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Bruno Lisita

A administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN) vai explicar no Parlamento por que motivo terá mandado "encerrar 54 camas de internamento de agudos" no Hospital Pulido Valente para “entregar 44 camas à exploração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa” enquanto, ao mesmo tempo, o hospital de Santa Maria, “tem necessidade de utilização de macas”. Estas são algumas das questões que o Bloco de Esquerda (BE) quer ver esclarecidas pelo conselho de administração do CHLN e o requerimento apresentado neste sentido foi esta quarta-feira aprovado por unanimidade pela Comissão Parlamentar de Saúde.

Os hospitais de Santa Maria e de Pulido Valente estão integrados no CHLN desde 2008. Recordando a história recente do Pulido Valente, que “tem vindo a ser alvo de um constante e sistemático processo de esvaziamento” -  foram "transferidos para o Santa Maria os serviços de Cirurgia Geral e Digestiva, Cirurgia Vascular, Urologia, Otorrinolaringologia, Gastrenterologia e Dermatologia" –, o deputado Moisés Ferreira sublinha que agora foi conhecida "mais uma etapa", que passou pelo encerramento de duas enfermarias de medicina interna, com 54 camas de internamento de doentes agudos. Ao mesmo tempo, frisa, foi "instalada uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados com 44 camas numa parte de um edifício cedido à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”.

O facto de faltarem camas de cuidados continuados na região de Lisboa, argumenta o BE, “não pode justificar o encerramento de camas de internamento de agudos nos hospitais públicos”, até porque haveria "muitos outros locais onde abrir e reforçar o número de camas” para cuidados de doentes que já não necessitam de permanecer nos hospitais.

Lisboa “continua a ter défice de camas”

Moisés Ferreira não entende também a opção pelo encerramento de camas de agudos, dado que a região de Lisboa “continua a ter défice de camas” deste tipo e “necessidade de internar doentes em macas e, por vezes, [de] abrir contentores”. Ainda recentemente, recorda, o Hospital de Santa Maria “teve vários doentes internados em macas por não ter camas suficientes para responder a um pico de procura provocado pela gripe” e haverá mesmo dez macas que “fazem parte da lotação normal” de um dos dois serviços de Medicina.

O “esvaziamento” do Pulido Valente, prossegue, poderá ainda pôr em causa “a continuidade” de outros serviços, como o de “medicina interna, de pneumologia e de cirurgia torácica (responsável por 20% do total nacional de cirurgias do cancro do pulmão) e de consultas diferenciadas, como por exemplo, a consulta de hipertensão pulmonar, áreas" em que este hospital "se constitui como centro de referência nacional”.

Há duas semanas, dezenas de profissionais de saúde do Hospital Pulido Valente manifestaram-se contra este processo e alertaram que a desactivação de 54 camas “significará o internamento de pelo menos 1000 utentes por ano”.

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