Administração do Hospital de Beja reconhece dificuldades em várias especialidades médicas
Há risco eminente de colapso nas urgências de Pediatria e Obstetrícia.
Subsiste um problema de fundo: capacidade para atrair e fixar novos profissionais médicos na região. Os médicos que estão reforçam-se e não há quem os substitua.
Em reposta ao manifesto divulgado hoje por 12 directores de serviço do Hospital José Joaquim Fernandes em Beja, a administração desta unidade hospitalar, através de comunicado, “reconhece as dificuldades” relatadas: “risco eminente” de colapsar nas urgências de Pediatria e Obstetrícia e “graves dificuldades” nos serviços de Anestesiologia, Radiologia, Cirurgia Geral e Ortopedia,
O conselho de administração confirma ainda a “falta de médicos especialistas” denunciada no manifesto, frisando que esta lacuna se deve aos “constrangimentos em atrair e fixar novos profissionais médicos na região”. O documento acentua que face aos problemas a administração da unidade hospitalar “tudo faz, e continuará a fazer, para encontrar soluções concretas”.
Reagindo ao teor do comunicado da direcção hospitalar, Alexandre Lourenço, conselheiro regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), disse ao PÚBLICO ter “conhecimento desta situação há um ano”, mas que entretanto os problemas resultantes da falta de especialistas médicos se “agudizaram bastante” a partir, sobretudo, do final do ano quando começou a haver “falhas graves” nas escalas de urgência.
Antes desta ocorrência, no verão, a OM foi contactada pelos directores de obstetrícia a dizer que os poucos médicos que estavam no Hospital de Beja todos eles já tinham idade para não fazer urgências mas que continuavam a fazê-las. Se não fosse tomada esta decisão os serviços de obstetrícia e os partos “tinham parado” refere o conselheiro regional.
Comentando a posição dos directores de serviço do hospital de Beja, Alexandre Lourenço, reconheceu ter sido “um acto de coragem” que foi “suportada” pela OM, sublinhando que os clínicos “não criaram um problema, o que querem e ajudar a resolvê-lo”, mas “também sabemos” que a administração do Hospital de Beja também “tenta superar” a ausência de contratos de novos especialistas e o bloqueio através do ministério das Finanças dos pedidos de contratos que existem.