Um dos maiores investigadores do marfim foi encontrado morto
Trabalho de Bradley Martin levou a China a tomar medidas para impedir o comércio de marfim.
O norte-americano Esmond Bradley Martin, de 75 anos, foi encontrado morto no sábado na sua casa em Nairobi, no Quénia, com um golpe no pescoço. Martin era conhecido como um dos mais conceituados investigadores na área do comércio do marfim, tendo a sua investigação (às vezes sob disfarce) sido útil para travar o mercado negro – que se pensa ser a causa para o decréscimo das populações de elefantes e rinocerontes nos últimos 50 anos.
O trabalho de investigação feito por Esmond Bradley Martin foi fulcral para que a China banisse o comércio legal de cornos de rinoceronte em 1993; mais tarde, a China viria a proibir todo o comércio de marfim. Martin, que tinha regressado há pouco de uma viagem de investigação à Birmânia, chegou a trabalhar como enviado das Nações Unidas para a conservação de rinocerontes.
“É uma grande perda para a conservação da natureza”, disse à Reuters a directora executiva da organização Wildlife Direct, que se dedica sobretudo à protecção de elefantes no Quénia, Paula Kahumbu. A responsável adiantou ainda que Bradley Martin estava prestes a publicar um estudo que mostrava que o comércio do marfim estava a passar da China para os países vizinhos. “O seu trabalho mostrou a verdadeira dimensão do problema e fez com que fosse impossível que o governo chinês o ignorasse”, disse ainda.
A polícia admite que a morte de Bradley Martin resultou de um assalto, mas está a investigar as circunstâncias da morte, avança a BBC. Trata-se do segundo investigador na área do comércio de marfim a morrer na África Oriental no último ano: em Agosto, o sul-africano Wayne Lotter foi alvejado na Tanzânia.