Há negociações para “salvar” as fábricas da Ricon

O administrador de insolvência da Ricon disse hoje haver "negociações com investidores" para "salvar as empresas operacionais" do grupo, depois de ter sido votado em assembleia de credores a liquidação das holdings.

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Marco Duarte

Em declarações aos jornalistas, Pedro Pidwell, no final das três assembleias de credores que tiveram lugar esta manhã no Tribunal de Comércio de Vila Nova de Famalicão, deixou a mensagem que as próximas 24 horas vão ser fundamentais para o futuro dos quase 800 trabalhadores do grupo Ricon.

"Até a assembleia deliberar a liquidação das empresas operacionais do grupo há sempre tempo de inverter o caminho, não é expectável, mas em tese… Há contactos com outros investidores, que não são da região, são nacionais e estrangeiros. Há esforços para salvar as empresas operacionais, as 4 unidades fabris", garantiu Pidwell.

Hoje, os credores da Nevag SGPS, da Nevag II SGPS e da Ricon Serviços votaram favoravelmente ao encerramento e liquidação dos activos das holdings e à cessação da actividade da actual administração, com excepção para um dos credores, que votará por escrito por não ter tido acesso ao relatório do administrador de insolvência.

As assembleias de credores continuam quarta e quinta-feira, agora relacionadas com as empresas operacionais do grupo: Delvest, Ricon Industrial, Delos, Fielcor e Ricon Imobiliária.

"Vamos ver o que é que as assembleias nos reservam, enquanto há vida há esperança", disse Pedro Pidwell.

Os trabalhadores da Ricon, que se apresentou à insolvência em finais de 2017, receberam segunda-feira as cartas de despedimento, tendo a empresa explicado, em comunicado, que a actividade do grupo "dependia de forma significativa da Gant, quer na vertente do retalho, cuja dependência era total, quer na vertente da indústria, cuja dependência era superior a 70% e que aquela marca "se mostrou totalmente intransigente e indisponível para negociar e/ou mesmo abordar e analisar" as propostas apresentadas.

O Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, pela voz do dirigente Francisco Vieira, referiu que, "neste momento, todas as soluções que aparecerem para garantir a continuidade das unidades são muito bem-vindas".

No entanto, o sindicalista considera que a hipótese de entrarem no processo novos investidores "é como um gato escondido com rabo de fora".

"As soluções aparecem no mercado, mas querem os trabalhadores com o conta-quilómetros a zero. O que se está a passar no Grupo Ricon é um exemplo daquilo que não deve ser feito", defendeu.

Para os trabalhadores, esclareceu o sindicalista, a vinda de novos investidores não representa perda de direitos.

"Eles [os trabalhadores que já foram despedidos] podem ser admitidos de novo, vão reclamar os seus créditos, requerer fundo de garantia salarial, estão muito bem posicionados para comer a melhor carne da peça, o património da Ricon", disse.

O passivo do grupo ronda os 33 milhões de euros.