Se olhar para o céu esta noite, vai ver uma Lua supergigante
É a segunda e última super-Lua deste ano.
Esta noite não pode deixar de olhar para o céu (mesmo a olho nu). Afinal, a Lua ficou mais perto da Terra e esta quarta-feira, a meio do dia, vai ocorrer uma super-Lua. Se quiser observar o fenómeno, o melhor é apanhar o nascimento da Lua e continuar a espreitá-la noite dentro. E como esta é já a segunda Lua Cheia do mês, estamos também, portanto, perante o fenómeno de lua azul.
Uma super-Lua ocorre quando o nosso satélite natural está em fase de Lua Cheia e se encontra a pelo menos 90% do seu ponto mais próximo da Terra. É que a órbita da Lua (tal como a dos planetas) é elíptica, em vez de circular, e não é sempre igual. Como tal, neste fenómeno a Lua atinge o perigeu, que é o ponto da sua órbita mais perto da Terra. Se a Lua está a uma distância da Terra de cerca de 384.400 quilómetros, quando há um perigeu lunar fica entre 356 mil e 360 mil quilómetros do nosso planeta. O perigeu desta terça-feira deu-se às 9h57 (hora de Lisboa) e a Lua ficou a cerca de 358.994 quilómetros da Terra.
“Mas, depois, ainda faltam 27 horas e meia para ficar em [fase de] Lua Cheia. O instante de Lua Cheia é às 13h28 de dia 31”, salienta Rui Agostinho, astrofísico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. É aqui então que ocorrerá mesmo a super-Lua, mas na noite desta terça para quarta-feira a Lua já é gigante. “Apanhem o nascer da Lua, acaba por impressionar mais. Depois, durante a noite, nota-se que é uma Lua Cheia maior. Como temos uma memória visual do que costuma ser a Lua Cheia, notamos quando está maior”, refere o astrofísico.
Se quiser marcar uma hora para olhar para o céu, pode fazê-lo assim que a Lua esta quarta-feira começar a nascer: no Porto será às 18h, em Coimbra às 18h01, em Lisboa às 18h07, em Ponta Delgada às 18h19 e no Funchal às 18h51. E haverá um sítio mais favorável para a observação da Lua em Portugal? “Não haverá grandes diferenças. O território é muito pequeno”, responde o astrofísico.
Rui Agostinho aconselha ainda que se observe esta Lua ao ar livre ou de uma janela a partir de casa. “Se se puser ao telescópio, não verá uma Lua Cheia maior do que a do dia a seguir”, nota. Isto, porque o aumento do tamanho da Lua é mais um efeito de ilusão de óptica. “Para o efeito de óptica funcionar, é preciso que o cérebro construa a imagem e o tamanho daquele objecto iluminado e o ponha num tamanho proporcional ao que o [próprio] cérebro imagina. Isso deve ser comparado com a imagem circundante, seja de prédios, árvores ou de um terreno. Ao telescópio só se vêem crateras e não há nenhum efeito espectacular.”
Esta é já a segunda e última super-Lua deste ano. A primeira foi a 1 de Janeiro e o nosso satélite natural esteve a 356.564 quilómetros de nós.
“Foi uma super-Lua bastante boa, mas ninguém a viu porque [o céu] estava nublado”, diz Rui Agostinho, acrescentando que nesse dia o perigeu ocorreu às 21h49 (hora de Lisboa) e que apenas quatro e meia depois a Lua estava em fase de Lua Cheia. “Houve uma grande proximidade entre a Lua estar totalmente cheia e estar mais próxima da Terra.”
Para esta quarta-feira, segundo o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o céu estará limpo durante o período da manhã e depois ficará muito nublado ou encoberto. A visibilidade depende da quantidade de nuvens no céu. Como estamos perante uma Lua Cheia, mesmo que haja uma certa neblina com nuvens finas, a Lua poderá ainda ser visível. O problema será se o céu estiver mais carregado com nuvens.
Uma Lua de sangue
Com estas duas Luas Cheias no mês de Janeiro, estamos ainda perante o fenómeno de lua azul. Ora, o ciclo lunar é de 29 dias e meio, e está assim fora do compasso das 12 divisões mensais do ano. Por isso, raramente há duas Luas Cheias num único mês. Quando isso acontece, ocorre em meses com 31 dias e com uma Lua Cheia no início e outra no final do mês. “Passam-se anos até termos duas Luas Cheias no mesmo mês. Este ano tivemos uma particularidade: as duas Luas Cheias são super-Luas também”, frisa o astrofísico. O último fenómeno de lua azul aconteceu em 2015 e o próximo só ocorrerá em 2037.
Na quarta-feira, haverá um outro fenómeno astronómico que iremos perder em Portugal: o eclipse total da Lua. Verá este eclipse quem estiver na Ásia, na Austrália, no Pacífico, na Europa Oriental, no Oeste da América do Norte ou na parte superior da América do Sul. Paralelamente, à super-Lua e à lua azul que ocorrem também nesses locais, haverá um fenómeno de lua de sangue, em que a Lua fica com uma cor avermelhada. Isso acontece durante o eclipse total da Lua quando a luz, que provém do Sol, passa por dentro da atmosfera terrestre, que lhe retira a componente azul. Cá não teremos esse espectáculo, mas, segundo Rui Agostinho, nos céus portugueses a Lua vai parecer “uma bolacha enorme no céu”.
Em 2019, teremos oportunidade de ver outra vez uma super-Lua. Na verdade, haverá três super-Luas (em Janeiro, Fevereiro e Março), sendo a mais favorável para observar a de 19 de Fevereiro.
Notícia corrigida às 15h52: nesta próxima noite a Lua já é gigante, mas o fenómeno astronómico da super-Lua ocorre exactamente às 13h27 desta quarta-feira.