Novo concurso para aluguer de helicópteros deixa cair exigência de equipas médicas

Este foi um dos pontos mais criticados no concurso lançado em Novembro. INEM lançou "contratação urgente" de um quarto helicóptero, sem dizer quando vai entrar ao serviço.

Foto
Paulo Pimenta

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) vai lançar um novo concurso para o aluguer de quatro helicópteros, agora sem a exigência do fornecimento de equipamentos, consumíveis e equipa médica (médico e enfermeiro) para cada aparelho, apurou o PÚBLICO. Este foi um dos pontos mais criticados no concurso lançado em Novembro pelo INEM e que terá, a par de outras questões, levado as empresas concorrentes a apresentar valores muito superiores ao estipulado no caderno de encargos.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, confirmou na semana passada que o concurso de Novembro ia ser cancelado, aguardando a decisão do INEM sobre o que seria o passo seguinte. Uma das possibilidades seria a revisão da proposta, o que vai acontecer.

Tal como o PÚBLICO já tinha noticiado, só duas empresas apresentaram propostas e com valores muito superiores aos 45 milhões de euros que o INEM tem disponíveis para o aluguer de quatro helicópteros entre 2018 e 2022. A Babcock, empresa que actualmente presta o serviço, apresentou uma proposta de 61 milhões de euros e a Heliportugal concorreu com uma proposta de 66 milhões de euros.

“O concurso não foi cancelado, mas tudo indica que seja esse o seu desfecho uma vez que se verifica a existência de motivo de exclusão das propostas pelo facto de apresentarem um preço contratual superior ao preço base fixado no caderno de encargos”, disse o INEM. O prazo de cinco dias úteis para audiência prévia dos concorrentes terminou ontem. O júri do concurso irá agora elaborar o relatório final a submeter ao INEM, que só “depois de o receber e analisar” é que tomará uma decisão.

Para garantir assistência helitransportada o INEM está a recorrer a ajustes directos, que têm por base o valor do contrato anterior. “Foi celebrado em Dezembro de 2017 um contrato para três aeronaves a vigorar até 30 de Abril, período estimado (à data) para a conclusão do concurso que ainda decorre”, adiantou o INEM, acrescentando que o “contrato em apreço encontra-se em processo de visto pelo Tribunal de Contas”.

Três helicópteros operacionais

Entretanto, o INEM ficou reduzido a três helicópteros já que o Kamov da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) colocado em Santa Comba Dão está inoperacional desde a semana passada. Situação que o INEM está acompanhar de perto e que levou a que tenha “sido já iniciado o processo de contratação urgente de um quarto helicóptero que entrará ao serviço o mais rapidamente possível”, afirmou o INEM.

O outro Kamov da ANPC, que costuma estar estacionado em Loulé, está inoperacional desde o verão do ano passado, o que levou à deslocalização do helicóptero de Lisboa para o Algarve. Pelos dois aparelhos, o INEM paga cerca de um milhão de euros anuais à ANPC. O protocolo assinado entre as duas entidades em 2012 prevê ainda a cedência de um quinto aparelho – também pertença da ANPC -, um helicóptero ligeiro estacionado em Ponte de Sor sem equipa adjudicada. Contudo, o INEM “não recorre a este helicóptero por não reunir todas as condições necessárias ao transporte de doentes críticos” e a sua utilização “apenas é equacionada em situações excepcionais”.

O INEM tem mais dois aparelhos: Macedo de Cavaleiros e Évora. Este último também esteve inoperacional, mas o problema foi rapidamente resolvido. Segundo a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), foram detectadas "não-conformidades" durante uma inspecção realizada "a pedido do operador para a revalidação do Certificado de Avaliação de Aeronavegabilidade”. A ANAC adiantou que as “não-conformidades foram corrigidas pelo operador em menos de 24 horas e o helicóptero voltou a operar”, sem adiantar a data em que o helicóptero esteve parado.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários