“Há coincidências do arco da velha”, diz procuradora

Minuta de empréstimo bancário para Orlando Figueira já tinha sido usada para emprestar dinheiro a ex-vice-presidente angolano.

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Orlando Figueira é acusado de ter sido corrompido por Manuel Vicente Rui Gaudêncio

“Há coincidências do arco da velha”. Foi assim que a procuradora que representa o Ministério Público em tribunal no processo conhecido como Operação Fizz terminou o interrogatório ao ex-procurador Orlando Figueira, suspeito de ter recebido luvas do antigo vice-presidente de Angola Manuel Vicente para arquivar duas investigações em que este era visado.

Em causa estão não apenas os salários que Orlando Figueira recebeu de duas instituições bancárias depois de ter saído do Departamento Central de Investigação e Acção Penal - que o Ministério Público diz serem na realidade pagamentos ilícitos por conta desses arquivamentos, mascarados de ordenados - mas também um empréstimo que um desses bancos, o Privado Atlântico, lhe concedeu. Era de 130 mil euros, e na tese da acusação corresponderia a um novo pagamento ilícito. Foi-lhe concedido sem garantias, numa altura em que Orlando Figueira dizia esperar passar a trabalhar dali a algum tempo para aquela instituição bancária. O antigo procurador alega que estava a divorciar-se e que pediu o dinheiro para pagar à mulher parte do apartamento em que o casal tinha morado, e onde ele ficou a residir depois da separação.

Sucede que no email sobre pedido de empréstimo dos 130 mil euros enviada pelo Banco Privado Altântico ao ex-procurador lhe foi remetida uma minuta usada anteriormente para a mesma instituição emprestar ao vice-presidente de Angola Manuel Vicente 14,7 milhões de euros, para este usar nos seus negócios, assinalou a procuradora Leonor Machado.

Porquê, Orlando Figueira não soube explicar – apesar de continuar a garantir que nunca conheceu Manuel Vicente, o seu alegado corruptor.

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