Rio prepara uma bancada “mais eficaz”

Menos "vices" na bancada e continuidade nas comissões é a solução que o novo líder do PSD está a ponderar para a frente parlamentar.

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Rui Rio vai dar sinais de mudança e de continuidade na bancada parlamentar do PSD daniel rocha

Embora ainda não se saiba quem Rui Rio vai escolher para líder parlamentar, o futuro presidente do PSD está já a preparar com o seu núcleo duro o perfil que deseja que a bancada do partido em São Bento adquira no próximo ano e meio. Até às legislativas de Outubro de 2019, o PSD terá de liderar a oposição ao Governo, em circunstâncias peculiares. Este partido tem o maior grupo parlamentar (89 deputados, contra 86 do PS) mas Rui Rio não é deputado.

O objectivo é conseguir “um desempenho mais eficaz” enquanto primeiro partido da oposição ao Governo, ainda para mais quando “tem o maior número de deputados”, explicou ao PÚBLICO um membro do núcleo duro de Rui Rio. A concretização deste objectivo passa por ter uma direcção “coesa” mas “mais pequena”, uma vez que Rio e os seus colaboradores mais próximos consideram que não se justifica nem é operacional uma direcção do grupo parlamentar com tão elevado número de deputados, como os actuais doze.

Numa altura em que na frente parlamentar há conversas insistentes sobre os nomes que podem vir a substituir Hugo Soares - como dois deputados que não tomaram oficialmente partido na disputa interna do PSD, Luís Marques Guedes (que já foi líder da bancada) e José Matos Correia, e ainda Fernando Negrão, que apoiou Santana Lopes nas directas -, do lado da liderança eleita, o silêncio impera.

Contudo, a saída de Hugo Soares parece ser inevitável. Ainda esta sexta-feira, na sua crónica semanal no Correio da Manhã, o candidato à liderança derrotado, Pedro Santana Lopes, escreveu: “A relação entre a direcção do partido e a direcção do grupo parlamentar coloca-se desde o tempo de Francisco Sá Carneiro e das ‘Opções Inadiáveis’ e ficou historicamente resolvido que ninguém deve ser candidato sem a confiança da liderança do partido.” Um recado para Hugo Soares, que não se manteve neutro na corrida?

Há certezas que parecem sedimentadas: a direcção da bancada tem de ser mais pequena. A intenção é fixar um número de deputados que permita que a coordenação do grupo funcione de forma mais “eficaz” e que não surja como “um órgão de direcção paralelo”.

Além disso, o núcleo duro de Rui Rio considera que deve haver refrescamento na direcção do grupo parlamentar de forma a que haja um sinal de mudança. Igualmente importante é, de acordo com as informações obtidas pelo PÚBLICO, que haja um sinal de que o PSD está preocupado com as contas públicas. Isto, porque, actualmente, segundo as regras da Assembleia da República, cada vice-presidente vê o seu salário de deputado (de 3624,41 euros brutos) acrescido em 555,49 euros de despesas de representação.

O grupo parlamentar tem, neste momento, 12 vice-presidentes: Adão e Silva, Amadeu Albergaria, António Leitão Amaro, Berta Cabral, Carlos Abreu Amorim, José Cesário, Luís Leite Ramos, Margarida Mano, Miguel Morgado, Miguel Santos, Nuno Serra e Sérgio Azevedo. Além disso, estão investidos em funções do grupo parlamentar os secretários Ângela Guerra, Clara Marques Mendes e Pedro Pimpão, que não têm qualquer compensação remuneratória do Parlamento por esta função, para além do salário como deputados.

Se a ideia do núcleo duro de Rui Rio é alterar o perfil da direcção da bancada, já ao nível dos deputados do PSD nas comissões parlamentares não deverão existir mudanças substanciais e o sinal deverá ser de continuidade. Hoje, o PSD preside a seis comissões na Assembleia da República. A Comissão do Trabalho e Segurança Social é presidida por Feliciano Barreiras Duarte, que é membro do núcleo duro de Rui Rio. Fernando Negrão, que apoiou Santana Lopes, chefia a Comissão Eventual para o Reforço da Transparência no Exercício de Funções Públicas. José Matos Rosa, actual secretário-geral de Passos Coelho, está à frente da Comissão da Saúde. Marco António Costa preside à Comissão de Defesa e Regina Bastos à dos Assuntos Europeus. Já a "vice" de Passos Teresa Leal Coelho está à frente da Comissão do Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.

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