Equipa para casos de violência doméstica pode corrigir o que está mal
Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, diz que casos como o da mulher que foi morta 37 dias depois de ter apresentado queixa contra o marido não podem voltar a acontecer.
A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, enalteceu esta sexta-feira o trabalho da equipa que analisa casos de violência doméstica, porque permite "retirar lições" do que não correu bem e corrigir o que está mal.
Francisca Van Dunem comentava desta forma, à agência Lusa, as conclusões do segundo relatório da Equipa de Análise Retrospetiva de Homicídio em Violência Doméstica (EARHVD) sobre o caso de uma mulher que morreu 37 dias depois de apresentar queixa e segundo o qual o Ministério Público falhou na assistência à vítima ao desperdiçar três oportunidades de intervenção.
A ministra realçou a importância da criação desta equipa, sublinhando que "as análises que foram divulgadas ontem [quinta-feira] já permitem perceber da valia de um instrumento desta natureza".
"É importante na medida em que hoje temos um instrumento e pessoas que fazem a análise das circunstâncias em que aqueles homicídios ocorreram, que nos permitem depois tirar lições àquilo que não correu bem e não pode voltar a acontecer", disse à Lusa Francisca Van Dunem, à margem da IV Conferência Luso-Espanhola de Direito da Concorrência, que está a decorrer em Lisboa.
Francisca Van Dunem adiantou que se foi "assistindo ao longo dos anos a situações em que as coisas não correram bem" e depois havia uma "dificuldade, do ponto de vista institucional, em fazer a análise e retirar lições daquilo que não correu bem".
Segundo as conclusões do relatório, a vítima, de Valongo, apresentou queixa ao MP contra o ex-marido 37 dias antes de este a assassinar. O relatório entregue à Procuradoria-geral da República (PGR) acusa ainda o MP de ter tratado o caso de forma lenta, burocrática e sem atender "às leis e determinações existentes para avaliação concreta do risco para a vítima".
No caso de Valongo, que ocorreu em Novembro de 2015, o relatório da EARHVD refere que "o Ministério Público nunca tratou a denúncia apresentada (...) como um efectivo caso de violência doméstica, ou seja, nunca deu cumprimento às exigências que a lei impõe, e impunha já a 22 de Setembro de 2015, no tratamento das denúncias e na investigação do crime".