Dirigente da extrema-direita converte-se ao islão e abandona a AfD
Partido que faz campanha contra a imigração e a “islamização” da Alemanha diz que se trata de um “assunto privado”.
Arthur Wagner, um dirigente do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), converteu-se ao islão e abandonou a formação política, segundo confirmou nesta terça-feira um porta-voz do partido citado pela radiotelevisão germânica Deutsche Welle.
Um destacado dirigente do partido no estado de Brandeburgo, onde era membro de um comité estadual para os assuntos e comunidades religiosas, Wagner apresentou a sua demissão ao comité nacional da AfD a 11 de Janeiro, referindo motivos pessoais. Posteriormente, o diário Tagesspiegel avançou que o político se tinha convertido ao islão.
Wagner, membro da numerosa comunidade germânica de origem russa, na qual a extrema-direita tem colhido um importante número de votos, também tinha sido membro da CDU de Angela Merkel, de quem se tornara crítico perante a entrada em massa de refugiados na Alemanha.
“O partido não tem qualquer problema com isso”, disse na terça-feira Daniel Friese, porta-voz da AfD, questionado sobre a demissão de Wagner após a sua conversão ao islão. Referindo que “a religião é um assunto privado”, Friese disse que o partido de extrema-direita tem grupos de militantes muçulmanos, assim como homossexuais e cristãos.
Este argumento tem sido repetido por responsáveis da AfD. No entanto, o partido tem feito campanha denunciando o que entende ser a “islamização” da Alemanha, defendendo maiores restrições à imigração.
Nas eleições de 2017, a AfD chegou pela primeira-vez ao Bundestag, tornando-se o terceiro maior partido no parlamento alemão.