Paris não sabe o que fazer com escultura monumental de Jeff Koons

O conhecido artista americano doou uma obra monumental a Paris, em homenagem às vítimas dos atentados terroristas, e agora as opiniões dividem-se sobre o que fazer exactamente com a referida obra.

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Reprodução da obra de Jeff Koons, Bouquet of tulips

Em 2016, quando o conhecido artista americano Jeff Koons comunicou que iria doar uma escultura de grandes dimensões à cidade de Paris, forma de homenagear as 130 vítimas dos atentados terroristas de Novembro de 2015, o aplauso foi unânime. Na altura, Anne Hidalgo, Presidente da Câmara de Paris, disse que a obra iria simbolizar a generosidade e partilha, mostrando a conexão inalterável entre Paris e França e os Estados Unidos. Na mesma altura o artista classificou a obra também como um símbolo de amizade, 130 anos depois de a França ter dado aos americanos a Estátua da Liberdade.

Mas agora ninguém parece saber muito bem o que fazer com a obra, referem os jornais franceses, com a mesma à espera de autorização para ser instalada por estes dias. Intitulada Bouquet of tulips, trata-se de uma escultura de 12 metros de altura, 33 toneladas de peso em bronze, aço inoxidável e alumínio polido. A obra reproduz uma mão segurando tulipas de várias cores que, segundo Jeff Koons, contem referências à mão da Estátua da Liberdade e estabelece um diálogo com La femme au vase de Picasso. “Um símbolo de recordação, optimismo e cura”, expressou no referido comunicado de 2016. Acontece que a obra, que ninguém solicitou, para além de estar à espera de ser instalada, divide agora as opiniões.

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O artista Jeff Koons junto a uma reprodução da obra

Há quem veja na atitude de um dos artistas mundialmente mais conhecidos um gesto de generosidade, enquanto outros o classificam como inadequado e egocêntrico. Ao que parece Jeff Koons terá imposto como condição que a obra fosse colocada entre o Museu de Arte Moderna e o Palais de Tókyo, uma instituição que se dedica à arte contemporânea. Uma localização apetecível para Koons, mas não para o município de Paris, que havia proposto locais menos centrais da cidade, como os parques de Passy ou de La Villette que, segundo uma notícia desta semana do Le Figaro, não terão sido aceites pelo artista.

Por outro lado, discute-se também os custos da operação, com a produção e instalação estimada em 3,5 milhões de euros. Uma quantia coberta por vários mecenas privados franceses e americanos, embora no mundo da arte várias vozes considerem o custo elevado, discutindo-se também que esse dinheiro poderia ser utilizado noutras causas. A decisão sobre o local a instalar a escultura está agora nas mãos do ministério da cultura francês, que solicitou um estudo adicional para serem avaliados os “riscos técnicos, jurídicos, económicos e patrimoniais” da instalação da obra entre o Museu de Arte Moderna e o Palais de Tókyo. Segundo algumas informações o solo poderia não sustentar uma obra de 30 toneladas, embora um outro estudo técnico tenha concluído que “com certas precauções a instalação é possível.”

O director do Museu de Arte Moderna, Fabrice Hergott, acredita que colocar a escultura junto ao museu atrairá milhares de pessoas, mas Jean de Loisy, responsável pelo Palais de Tokyo, é menos entusiasta, o mesmo sucedendo com vários artistas e agentes do mundo da arte que argumentam que o artista já tem suficiente destaque em Paris e no mundo. Um galerista, Stéphane Corréard, pôs mesmo uma petição a circular, argumentando que o Palais de Tokyo se dedica à arte emergente, aos artistas mais novos e à arte francesa, e que Jeff Koons é uma espécie de “multinacional”, não tendo nada a ver com o espírito da instituição.

Apesar dos embaraços, indecisões e críticas que a operação tem levantado, a Presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, já veio garantir que a instalação da obra acontecerá mesmo. Resta saber quando e onde.

 

 

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