China e Rússia ultrapassam terrorismo islâmico como a maior preocupação dos EUA

Pentágono apresenta a sua nova estratégia de defesa nacional, em que será expressa a preocupação com a evolução tecnológica das duas potências e a evolução dos seus objectivos globais.

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Helicóptero norte-americano MH-53 aterra no "USS Tortuga", no Mar do Japão Tenente K. Madison Carter/Marinha EUA/REUTERS

A China e a Rússia devem passar para o centro das preocupações dos Estados Unidos na nova estratégia de defesa nacional, assumindo a posição de destaque ocupada pelo terrorismo de inspiração islâmica desde os ataques em território norte-americano de 11 de Setembro de 2001. O secretário da Defesa, James Mattis, deve apresentar o documento nesta sexta-feira.

O objectivo, explica o Financial Times, que falou com pessoas que conhecem uma versão prévia do documento, é garantir que os EUA estão preparados para enfrentar eventuais conflitos com estas duas potências. “A China e a Rússia fizeram grandes avanços em tecnologias com que as nossas forças nunca se confrontaram desde o fim da era da Guerra Fria”, comentou ao jornal britânico David Ochmanek, um ex-responsável do Pentágono que agora trabalha no think tank Rand e no ano passado testemunhou no Congresso norte-americano sobre o rápido desenvolvimento militar destas duas potências.

A Administração Obama, embora tenha mantido as atenções concentradas na derrota do Daesh, alargou o olhar para considerar outros riscos aos interesses dos EUA, e tentou fazer um reposicionamento estratégico para a Ásia. A postura militar chinesa cada vez mais afirmativa no Pacífico, em particular, tornou-se uma preocupação para os aliados asiáticos dos EUA e para Washington.

A subida na escala de prioridades da Rússia e da China estratégia de defesa nacional norte-americana segue-se à definição da nova estratégia de segurança nacional, apresentada por Donald Trump em Dezembro, em que definia já Pequim e Moscovo como “potências rivais” apostadas em minar o poderio económico e a segurança dos Estados Unidos.

O documento agora apresentado tem o objectivo de apresentar ao Congresso norte-americano os desafios militares para os próximos anos e como o Pentágono espera lidar com eles. É um documento de orientação para os legisladores, para lhes explicar quais as necessidades dos militares.

E se a guerra no ciberespaço – e no espaço, propriamente dito – subiram na lista de prioridades durante os dois mandatos de Obama, espera-se que com Donald Trump venham ainda mais para cima. Um outro documento estratégico em revisão, o da postura nuclear, que foi enviado ao Presidente para ser aprovado, passaria a permitir o uso de armas nucleares em resposta a ataques de grande escala, com resultados devastadores nas infra-estruturas dos EUA, noticiou o New York Times.

Até agora, a doutrina norte-americana só previa a ameaça do uso de armas nucleares sem ser em resposta a um primeiro ataque nuclear em situações muito limitadas – por exemplo após um ataque com armas biológicas nos EUA. Este novo documento, diz o jornal de Nova Iorque, é o primeiro a alargar a possibilidade de uso inicial de arma atómica para ripostar a tentativas de destruição de larga escala da infra-estrutura norte-americana, por exemplo da rede eléctrica das telecomunicações, num ciberataque.

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