Casos de gripe continuam a aumentar. Mortalidade é a esperada para a época
Pela quarta semana consecutiva o número de casos de gripe aumenta à medida que os valores de temperatura mínima se mantém “muito abaixo do normal”. Desde Outubro seis pessoas estiveram nos cuidados intensivos.
No mesmo dia em que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) deu conta de que o número de casos de gripe aumentou pela quarta semana consecutiva, as administrações regionais de saúde redobraram os apelos para que as pessoas recorram aos centros de saúde em caso de gripe, em vez de se dirigirem aos hospitais.
De acordo com o boletim do instituto, divulgado nesta quinta-feira, na semana passada a incidência era ainda residual, com a mortalidade dentro do esperado para a época.
A actividade gripal é, por esta altura, segundo o Insa, muito menor do que no passado, apesar do Instituto Português do Mar e da Atmosfera constatar que esta foi a quarta semana consecutiva com valores de temperatura mínima “muito abaixo do normal”.
A incidência da actividade gripal na semana passada era de 9,7 por cada 100.000 habitantes. Contudo, por ser um balanço na semana de Natal, o Insa admite que este valor esteja subestimado.
Fonte do Insa explicou ao PÚBLICO que neste período de festas é comum a comunicação de casos de gripe ao instituto ser adiada pelos hospitais por estes terem muitos profissionais de saúde de férias.
Na semana passada duas pessoas com mais de 80 anos estavam internadas em unidades de cuidados intensivos. Ambos doentes crónicos, vacinados contra a gripe, adianta o boletim do Insa. Desde Outubro, início da época gripal, até à véspera de Natal seis pessoas foram internadas nos cuidados intensivos de 17 unidades que fazem parte da rede sentinela (que reporta os casos de internamento ao instituto). Cinco destes utentes tinham mais de 65 anos de idade, cinco eram doentes crónicos e pelo menos três não estavam vacinados contra a gripe. Em todos foi identificado o vírus Influenza B.
E o primeiro sintoma do aumento da actividade gripal são os tempos de espera. Entre as 19h30 e as 20h desta quinta-feira, via-se, numa consulta ao portal do Sistema Nacional de Saúde, que se esperava nas urgências gerais de alguns hospitais mais do que o recomendado. Como era o caso dos hospitais de Santa Maria, em Lisboa, São João, no Porto, Cascais, Santarém, Caldas da Rainha, Barreiro, Montijo, Setúbal, Évora, Covilhã, Amarante, Braga, Portimão onde os casos classificados como urgentes, aos quais é atribuída uma pulseira amarela, esperavam mais que os 60 minutos de tempo máximo recomendado pelo sistema de triagem de Manchester.
Por essa hora, a espera era particularmente elevada nos hospitais de São José, em Lisboa, e Santo António, no Porto onde um utente com pulseira verde esperava em média mais de cinco horas, duas horas se fosse mais urgente (pulseira amarela).
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para os próximos dias temperaturas médias acima do normal, em todo o país. O tempo menos frio deve voltar, apenas para o interior, na segunda semana de Janeiro.
Primeiro, os centros de saúde
Em Lisboa e Vale do Tejo, os centros de saúde estão abertos durante mais tempo e há consultas programadas que vão ser adiadas para que os serviços dêem resposta ao aumento da procura por causa da gripe. A Norte, a Administração Regional de Saúde (ARS) reforça os apelos para os cidadãos adoptem medidas preventivas para combater possíveis situações de gripe e recorram aos centros de saúde antes de se dirigem aos hospitais.
"Os hospitais e os centros de saúde mostram que são capazes de responder a uma procura aumentada. Mas salientamos os conselhos de que usem agasalhos e bebam bebidas quentes. A protecção individual e maiores cuidados ajudam a superarmos com tranquilidade esta época festiva", disse à agência Lusa o presidente da ARS Norte. Pimenta Marinho deixou ainda a garantia de que "os hospitais e centros de saúde têm conseguido dar resposta".
Ainda assim, será seguramente “mais fácil reforçar as equipas” médicas depois das festas, altura em que o presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, espera um aumento da actividade gripal.
"Se [a gripe] vier, como estamos à espera, na segunda semana de Janeiro, as equipas já estarão completas, já não há pessoas de férias, será mais fácil reforçar as equipas", disse. À semelhança de anos anteriores, a equipa da linha SNS 24 (808242424) também foi reforçada. Com Lusa