Rei apela à estabilidade na Catalunha
Independentistas não receberam bem o discurso de Natal do monarca.
No rescaldo das eleições na Catalunha, o Rei de Espanha usou o discurso de Natal para apelar à estabilidade na região e alertar para os riscos de iniciativas unilaterais por parte dos independentistas.
“Há alguns dias, os cidadãos da Catalunha votaram para eleger os seus representantes no Parlamento, que devem agora enfrentar os problemas que afectam todos os catalães, respeitando a pluralidade e pensando com responsabilidade no bem comum de todos”, afirmou Filipe VI.
Na semana passada, o partido de direita Cidadãos foi o mais votado numas eleições com uma afluência história de 82% dos eleitores. Porém, juntos, os partidos independentistas têm a maioria dos deputados no Parlamento catalão, ao passo que o PP, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, teve o pior resultado de sempre.
Perante um resultado eleitoral complexo, e com um cenário em que alguns dos eleitos estão detidos na prisão e outros fora do país, o monarca argumentou que os próximos passos não podem levar “de novo ao confronta ou à exclusão”, que “apenas geram discórdia, incerteza, desânimo, e empobrecimento moral, cívico e – claro – económico de toda uma sociedade”. Filipe VI defendeu ainda que o caminho “deve levar a que a convivência no seio da sociedade catalã – tão diversa e plural como é – recupere a serenidade, a estabilidade e respeito mútuo”.
As afirmações não foram bem recebidas pelos independentistas. Numa cerimónia junto ao túmulo do primeiro presidente da generalitat da Catalunha, Francesc Macià, representantes dos partidos que querem a independência da região foram unânimes em criticar a mensagem de Filipe VI, de acordo com o jornal El País.
“Voltou a ser o rei do [artigo] 155”, afirmou o deputado eleito Eduard Pujol, do partido Juntos pela Catalunha (o partido do ex-presidente do governo catalão, Carles Puidgemont), referindo-se ao artigo da constituição espanhola que permitiu a Madrid afastar o governo da Catalunha e convocar eleições. O rei, disse Pukjol, esqueceu-se “da vontade dos catalães nas urnas”.
Os independentistas aproveitaram também o momento para exigir a libertação dos antigos membros do governo catalão que estão na prisão.