Sete candidatos importam nas contas para um só lugar

Os partidos com representação parlamentar deverão ser os mesmos. Junqueras, Puigdemont ou Arrimadas? Iceta? Quem será presidente?

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Marta Rovira Reuters/JUAN MEDINA
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Carles Puigdemont LUSA/Toni Albir
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Inés Arrimadas LUSA/Enric Fontcuberta
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Miquel Iceta Reuters/JON NAZCA
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Xavier Domènech LUSA/ALEJANDRO GARCIA
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Xavier García Albiol LUSA/Quique Garcia
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Carles Riera LUSA/Toni Albir

Não foram as grades da prisão de Estremera que o calaram – Oriol, Junqueras, líder e cabeça de lista da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), ex-vice-presidente acusado de “sedição, rebelião e desvio de fundos”, fez campanha. Diferente, claro. Deu pequenas entrevistas a jornais, gravou mensagens telefónicas e escreveu aos militantes. Na primeira carta, dizia-lhes que Marta Rovira é “uma mulher de força” e foi ela, sua “número dois”, o rosto da campanha. A ERC contava vencer e escolheu apresentar-se sem Carles Puigdemont; tudo depende dos votos, mas os republicanos esperam ser pressionados a apoiar o líder destituído – tal como Junqueras sabe que um dia será president.

Apareceu em Bruxelas no dia em que os catalães acordaram ansiosos, à espera de perceber o que significava a ocupação, por Madrid, das instituições autonómicas. Carles Puigdemont apostou no que chama auto-exílio e não se saiu mal: enquanto oito membros do seu governo estiverem detidos (dois continuam) a Justiça belga arquivou o seu processo e pôs na gaveta a ordem de detenção europeia. Os analistas atribuem às suas intervenções a subida da Juntos pela Catalunha. Ganhou por ter construído a única lista aberta, com o ex-líder da Assembleia Nacional Catalã, Jordi Sànchez (detido) como “número dois” e muitos independentes. Vai insistir na sua legitimidade para governar.

Começou a aprender catalão na adolescência por amor ao Barça. A relação da andaluza Inés Arrimadas com a Catalunha fortalece-se quando decide vir trabalhar para Barcelona, como advogada. Depois, surgiu o Cidadãos e a política: é eleita deputada em 2012 e em 2015 torna-se chefe da oposição. A seguir ao líder do partido, Albert Rivera, foi a única a falar castelhano no parlamento autonómica. Pode ser a mais votada, mas ser-lhe-á quase impossível formar uma maioria.

O Partido dos Socialistas Catalães já deu tantas voltas que o seu eleitorado se fez volátil – pode estar indeciso entre PS, Catalunya en Comú ou C’s. Com a bandeira da reconciliação, Miquel Iceta foi igual a si mesmo, o candidato dos trocadilhos, sempre bem-disposto. Sabe que não será o mais votado, mas por causa dos vetos cruzados não é completamente impossível que chegue à presidência (com o apoio do resto dos unionistas, C’s e PP, ou da ERC e da Catalunya en Cómu) e ninguém acredita nisso como ele.

Xavier Domènech teve a campanha mais difícil, fruto de uma posição que se distancia dos blocos em que a política catalã se divide. O Catalunya en Cómu, apoiado pelo Podemos, é contra a independência da Catalunha mas defende o chamado direito a decidir. O resultado é que todos tentaram convencer os seus eleitores, mas Domènech deverá ficar perto dos onze deputados de 2015. E pode, isso sim, ser árbitro na altura de negociar coligações.

A posição mais intransigente em relação à independência parece ter perdido gás, se olharmos para o que as sondagens antecipam para a CUP (Candidatura de Unidade Popular), único partido que não fez autocrítica em relação ao processo e que admite boicotar o próximo parlamento se a república não avançar. Irrompeu com dez deputados, em 2015, tornando-se essencial para a maioria de Puigdemont e Junqueras – agora, a lista encabeçada por Carles Riera arrisca perder quase metade do grupo parlamentar.

Se dependesse dele, a aplicação do artigo 155 da Constituição teria sido mais dura e prolongada. Xavier García Albiol sugeriu que Madrid aproveitasse para mudar o papel do catalão no ensino. Nas manifestações unionistas de Outubro e Novembro era sempre quem se via melhor (mede 2 metros) mas era à passagem de Rivera e Arrimada que se ouvia gritar “presidente”. Vai ter o pior resultado do PP na Catalunha e nem Rajoy, que não o largou na campanha, lhe valeu.

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