Ministro diz que a sociedade tem de "dar condições" ao sector social para que actue com transparência
O Estado "não tem a obrigação de ter uma rede de lares ou de creches, mas tem a responsabilidade constitucional de se articular e de apoiar o desenvolvimento de iniciativas sociais que promovam a oferta desse tipo de bens e serviços", diz Vieira da Silva.
O ministro da Segurança Social defendeu nesta terça-feira que a sociedade tem de dar condições ao sector social para que actue com os instrumentos, a transparência e a capacidade de escrutínio necessários nas áreas "próximas do bem comum".
"Todas as áreas da nossa vida colectiva têm que ser sujeitas a um escrutínio, como é óbvio, mas estas têm essa particularidade de serem questões fundamentais da nossa existência colectiva", afirmou Vieira da Silva na conferência "Os Compromissos de Portugal com a Europa", organizada pelo Diário de Noticias no âmbito do seu 153.º aniversário. Por "razões históricas, tradicionais e de racionalidade" da organização económica e social portuguesa, o sector da economia social "fará sempre parte do modelo social como um pilar estruturante" da forma de viver em conjunto, adiantou o ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social.
"E julgo que a sociedade tem a responsabilidade de acompanhar esta dimensão e dar-lhe as condições para que ela seja exercida com os instrumentos, com a transparência e com capacidade de escrutínio que é sempre necessária quando estamos a falar de áreas que estão próximas do bem comum", sustentou. "Em particular com o sector público julgo que as relações devem ser principalmente de cooperação, claras, transparentes e assumidas", defendeu.
Vieira da Silva explicou que a natureza do terceiro sector, quando trabalha na área social, é principalmente de ocupar zonas que não são constitucionalmente atribuídas ao Estado, mas que o Estado tem constitucionalmente a missão de apoiar.
Para o ministro, o Estado "não tem a obrigação de ter uma rede de lares ou de creches, mas tem a responsabilidade constitucional de se articular e de apoiar o desenvolvimento de iniciativas sociais que promovam a oferta desse tipo de bens e serviços".
Disse ainda que "uma forma simples" de distinguir o sector social dos outros sectores tem a ver com o cruzamento da sua missão e os seus actores. "A missão é pública, mas os actores não são públicos, são particulares", explicou.
A economia social representou 2,8% do valor acrescentado bruto e 6% do emprego remunerado em 2013, abrangendo 61 mil entidades, com um total de recursos de 14 mil milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas.