O Governo português anunciou nesta terça-feira a candidatura de António Vitorino ao cargo de director-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma instituição que pertence às Nações Unidas (ONU). As eleições terão lugar em Junho de 2018. A candidatura do antigo ministro da Defesa foi oficializada na segunda-feira, em Genebra, detalha o Governo em comunicado.

A escolha de Vitorino assenta na "relevância que Portugal atribui à temática e ao diálogo em matéria de migrações e à premente necessidade de serem encontradas soluções eficazes para os problemas migratórios no quadro internacional", lê-se no documento.

"Pela sua qualidade intrínseca e inerente peso político", a candidatura de Vitorino "constitui uma real mais-valia que o Governo português entendeu dever apresentar", conclui o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Licenciado em Direito e mestre em Ciências Jurídico-Políticas, António Vitorino, de 60 anos, foi eurodeputado entre 1994 e 1995. Nesse ano, foi escolhido pelo então primeiro-ministro António Guterres para o cargo de ministro da Presidência e, posteriormente, para o de ministro da Defesa Nacional. Foi ainda comissário europeu para a Justiça e Assuntos Internos entre 1999 e 2004. Foi também deputado. Nos anos 80 teve uma breve passagem por Macau, onde foi secretário-adjunto do Governador.

A nível empresarial, passou pela administração não executiva da Portugal Telecom Internacional, foi consultor jurídico da EDP e consultor de Assuntos Sociais da José de Mello SGPS. 

Antigo governante de António Guterres, o advogado poderá, se for eleito, voltar a trabalhar com o seu correligionário socialista, agora no quadro das Nações Unidas, e numa função muito próxima da que o próprio Guterres desempenhou antes de ser eleito para a ONU, quando foi Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

A 30 de Novembro, quando a notícia da candidatura de António Vitorino foi avançada pela SIC Notícias, o Ministério dos Negócios Estrangeiros disse ao PÚBLICO: “Portugal atribui grande importância ao processo de renovação da Organização Internacional para as Migrações decorrente da escolha de um novo director-geral e pondera participar activamente nesse processo”.