Deputados australianos aprovaram casamento gay (e cantaram a seguir)

A decisão segue a vontade dos australianos que votaram em referendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

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Abraços e aplausos no Parlamento australiano LUSA/MICK TSIKAS
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O Parlamento australiano aprovou nesta quinta-feira a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A decisão segue o resultado de um referendo voluntário e não vinculativo, em que 61,6% dos australianos votaram a favor e em que participaram 79,5% dos eleitores (quase 13 milhões de pessoas).

A decisão coloca um ponto final numa década de debate sobre o tema. A mudança foi aprovada por uma maioria dos deputados da Câmara dos Representantes do Parlamento australiano, uma semana depois de o Senado ter também dado parecer favorável à proposta de legalização.

Muitos deputados e senadores partilharam histórias pessoais para explicar por que apoiavam a aprovação da lei. O primeiro-ministro, Malcom Turnbull, que à data do referendo se afirmou positivamente surpreendido com o resultado expressivo do “sim”, aplaudiu a decisão. “Que dia memorável para o amor, para a igualdade, para o respeito”, resumiu Turnbull. “É tempo de mais casamentos. Mais compromisso. Mais amor. Mais respeito. A igualdade matrimonial foi aprovada!”, escreveu no Twitter.

O momento em que a proposta foi aprovada foi celebrado pelos deputados do Parlamento australiano. Entre abraços e aplausos, o momento foi pintado também com as cores da bandeira LGBT, símbolo internacional do orgulho LGBT. Ao mesmo tempo, o público presente nas galerias começou a cantar a música I Am Australian, do grupo australiano The Seekers, formado na década de 60.

“Somos um, mas somos muitos/ e chegámos de todos os lados do mundo/ Partilharemos um sonho e cantaremos a uma voz/Eu sou, tu és, nós somos australianos”, ecoou nas paredes do Parlamento australiano.

Na rua, vários defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo acompanhavam ansiosos a decisão. Entre eles estava o nadador olímpico Ian Thorpe, o recordista australiano em medalhas olímpicas, detalha a BBC.

Já no início desta semana, o debate que antecedeu a votação no Parlamento ficou marcado também por um momento emotivo com o pedido de casamento de um deputado.

Tim Wilson, de 37 anos, deputado do partido liberal de centro-direita, interrompeu o seu discurso emocionado em defesa da lei do casamento entre casais do mesmo sexo para pedir em casamento Ryan Bolger, seu companheiro há nove anos. “Este debate tem sido a banda-sonora da nossa relação”, disse Wilson, referindo-se às dificuldades que ambos têm enfrentando enquanto casal homossexual. “No meu primeiro discurso, defini o laço que nos une através dos anéis que usamos nas nossas mãos esquerdas”, disse o deputado: “[Estas alianças] são a resposta à pergunta que não podemos fazer”. Antecipando o resultado da votação desta quinta-feira, Wilson seguiu então para a pergunta: “Bom, agora só me resta fazer uma coisa: Ryan Patrick Bolger, queres casar comigo?” A resposta tímida chegou acompanhada de um sorriso com um “Sim”.

A última oficialização necessária para a publicação da legislação será a do Governador-geral da Austrália, Peter Cosgrove, que deverá acontecer sem alterações. A proposta legislativa prevê algumas excepções. Por exemplo, a pessoa que celebra a união religiosa (padre ou pastor, conforme a religião) pode recusar conduzir a cerimónia, com base na sua fé. Alguns conservadores tentaram estender a excepção a cerimónias não-religiosas, mas a proposta não foi aprovada.

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