Honduras declara recolher obrigatório contra protestos da oposição
Governo suspende "garantias constitucionais" e envia o exército para as ruas. Manifestantes acusam autoridades de cometerem fraude eleitoral nas presidenciais do passado domingo.
O Governo das Honduras anunciou a suspensão de "certas garantias constitucionais" e enviou os militares para as ruas com o objectivo de travarem as manifestações da oposição. Os protestos contra a contagem dos votos das eleições presidenciais estão a tornar-se mais violentos a cada dia que passa, e as autoridades anunciaram a entrada em vigor de um recolher obrigatório.
As manifestações começaram pouco depois do fecho das urnas, no domingo passado, quando a contagem feita pela comissão de eleições começou a dar os primeiros problemas: desde segunda-feira essa contagem já foi suspensa duas vezes devido a supostos problemas técnicos.
A questão é que o candidato favorito da oposição, Salvador Nasralla – que concorreu com uma mensagem anti-corrupção, apoiado por partidos da esquerda à direita –, estava na liderança da contagem na segunda-feira com mais cinco pontos percentuais do que o seu adversário, o actual Presidente, Juan Orlando Hernández; mas, depois de a contagem ter sido retomada, as posições estavam invertidas e Hernández passou a liderar por uma pequena margem, ficando perto de renovar o mandato com o apoio do Partido Nacional das Honduras (conservadores e nacionalistas).
Apesar das manifestações nas ruas e das acusações de fraude lançadas por Nasralla e pelos seus apoiantes, a comissão de eleições manteve o anúncio dos resultados finais para a noite de sexta-feira (hora local, madrugada de sábado em Portugal continental) – um anúncio que não chegou a acontecer porque os apoiantes de Salvador Nasralla boicotaram a recontagem de 1000 caixas de votos, dizendo que estão em causa 5000 caixas.
Em vez do anúncio dos resultados finais, os hondurenhos ouviram o ministro da presidência do Conselho de Ministros, Ebal Diaz, a decretar o recolher obrigatório para os próximos dez dias, entre as 18h e as 6h, e a suspensão de "certas garantias constitucionais".
"A suspensão das garantias constitucionais foi aprovada para que as forças armadas e a polícia nacional possam conter a onda de violência que engoliu o país", disse o ministro numa declaração transmitida pela televisão.
Nesta semana de manifestações e protestos morreu uma pessoa e 20 ficaram feridas.