Saúde, emprego e fogos florestais dominam preocupações dos cidadãos
Incêndios mortais deste ano foram um dos temas em destaque nas perguntas aos ministros.
O Governo de António Costa quis ouvir os cidadãos -– no dia em que assinalava dois anos de governação – e eles fizeram-se ouvir, manifestando opiniões e, essencialmente, colocando questões, maioritariamente centradas nas áreas da saúde, emprego e prevenção e combate aos fogos florestais. O “inquérito quantitativo de avaliação ao segundo ano do Governo”, organizado pela Universidade de Aveiro, sob coordenação do professor Carlos Jalali, realizou-se neste domingo à tarde, naquela instituição de ensino, após a realização de um Conselho de Ministro extraordinário.
Um painel constituído por 50 cidadãos, oriundos de vários pontos do país, de várias faixas etárias e áreas profissionais, confrontou o executivo socialista com um total de 18 questões, respondidas pelo próprio primeiro-ministro e pelos ministros com a tutela das matérias que foram suscitadas. Vieira da Silva (ministro do Trabalho), Adalberto Campos Fernandes (Saúde), Eduardo Cabrita (Administração Interna) e Capoulas Santos (Agricultura) acabaram por ser os membros do executivo que mais vezes foram chamados a complementar as respostas de António Costa.
“Nas conversas de família é comum dizer-se que entramos num hospital com uma perna partida e saímos com uma bactéria”, reparou João Esteves, um dos cidadãos que integrou o painel, para questionar o Governo sobre o que está a fazer para proteger os doentes e os profissionais de saúde de casos como o da Legionella que aconteceu, recentemente, em Lisboa. Um problema que, respondeu o ministro da Saúde, está relacionado com “a manutenção, vigilância e controlo que deve ser apertado”, um trabalho que, no que diz respeito às unidades de saúde públicas, garantiu o governante, está já a ser feito. “É uma situação que não queremos, de forma alguma, que se repita”, vincou.
De vários cidadãos ouviram-se questões e reparos relativamente ao combate e prevenção dos fogos florestais, e à reforma da refloresta, trazendo para o debate os trágicos incêndios de Junho e Outubro deste ano. “Foi preciso haver um problema sério na segurança pública para haver um reforço de meios”, notou Rafael Viegas, de Lisboa. António Costa assegurou que os meios não foram reforçados na sequência da tragédia. “O que aconteceu foi uma extensão dos contratos desses meios em função das condições atmosféricas”, explicou, ainda antes de ser confrontando com questões relativas à reforma da floresta e protecção das espécies autóctones e sobre a capacidade do país para responder a uma nova situação de catástrofe.
“A reforma da floresta e o cadastro da floresta são medidas que vão levar muitos e muitos anos para ser executadas e produzir efeitos”, afirmou o primeiro-ministro, em resposta a uma dessas questões, sem deixar de avisar que as “ameaças” vão continuar a existir. Segundo frisou António Costa, as alterações climáticas agravam os riscos e, a cada ano de seca, aumenta o risco de o combustível acumulado arder.
Da parte do ministro da Administração Interna, ficou a promessa de que o Governo vai avançar com vários programas de sensibilização e campanhas de informação sobre aquilo que as pessoas podem e devem fazer para estarem mais capacitadas para responder aos incêndios, uma vez que, frisou, a prevenção “é da responsabilidade de todos”. “Até ao final da próxima Primavera todos os proprietários vão ter de limpar os seus terrenos”, lembrou o ministro, acrescentando: “Vamos fazer tudo para que o próximo Verão seja mais protegido, não deixando assim tudo para a fase de combate”.
Em matéria de emprego, ouviram-se perguntas relativas ao desemprego dos jovens, dos trabalhadores com mais de 40 anos de idade e profissionais liberais (recibos verdes). Às preocupações dos cidadãos, os membros do executivo responderam com uma visão positiva do trabalho que garantem já ter alcançado nesta primeira metade do mandato. “Vencemos uma batalha, que foi a de mostrar que é possível criar postos de trabalho”, argumentou Vieira da Silva, vincando que “não só aumentou o emprego como diminuiu o desemprego”.