Centeno, feliz pelo “Portugal cumpridor”, faz tabu sobre o Eurogrupo

Candidatura “forte” que Marcelo vê em Centeno ainda não é assumida pelo ministro.

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A votação do sucessor de Dijsselblöem deverá acontecer a 4 de Dezembro EPA/STEPHANIE LECOCQ/Lusa

O ministro das Finanças não se quer adiantar ao tempo. Tudo a seu tempo. A hora é de votação final do Orçamento do Estado (OE) de 2018, agendada para a tarde de segunda-feira, e se na antevéspera a conversa passa pela candidatura à presidência do Eurogrupo, Mário Centeno faz um compasso de espera e alimenta um tabu, mesmo depois de o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa considerar que o seu nome seria uma candidatura forte. “A seu tempo” o Governo dirá se entra, ou não, na corrida à liderança do fórum dos ministros das Finanças do euro.

À margem de uma visita às instalações da Autoridade Tributária e Aduaneira no terminal de carga do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para assinalar os dois anos do Governo, Centeno foi evasivo quando questionado pelos jornalistas se Portugal poderá ser prejudicado na corrida pela vontade de os governos liberais e conservadores verem na presidência um outro nome da família socialista europeia.

Centeno fechou-se em copas sobre o posicionamento que o Governo português assumirá. E, sem excluir qualquer cenário, não deixou de sublinhar que os parceiros europeus olham para Portugal como um país cumpridor e fonte de coesão social e política. “Ser ministro das Finanças deste Governo tem uma importância muito grande no contexto europeu”, vinca.

A apresentação das candidaturas, disse, “é um debate que decorre no seio do Eurogrupo” e “a seu tempo” o Governo fará “declarações sobre essa matéria”. E não se alongou a responder aos elogios feitos pelo Presidente da República: “Tudo o que for bom e forte para Portugal deixa-me seguramente satisfeito”.

Questionado se depois da aprovação do OE virá o tempo de apresentar a candidatura, Centeno insiste que a sua principal preocupação continuará a ser a execução do orçamento, ao mesmo tempo em que manterá “uma posição muito clara” sobre a agenda europeia. “Era bom para Portugal que a construção da Europa se materializasse num sentido do reforço das suas instituições, da importância que o euro tem para o apoio à economia portuguesa e europeia, da nossa relação construtiva com todos os parceiros”.

Como o PÚBLICO já noticiou, um dos nomes falados que pode atrapalhar a corrida de Centeno é o candidato social-democrata eslovaco Peter Kazimír, também da família socialista europeia, visto pelos liberais e conservadores como tendo um posicionamento mais ao centro do que o candidato que se apresentaria (ou apresentará, é a dúvida) em nome do Governo português; no caso, Centeno.

Só no limite se confirmará quem afinal avança e a diplomacia fará o seu caminho – neste momento, entre os nomes de quem se fala estão a letã Dana Reizniece-Ozola, o francês Bruno Le Maire, o luxemburguês Pierre Gramegna e o italiano Pier Carlo Padoan.

A ronda de votações para escolher por maioria simples o sucessor do holandês Jeroen Dijsselblöem, um nome que o Governo criticou mas em relação ao qual deixou de se pronunciar nos últimos meses, deverá acontecer a 4 de Dezembro, com as candidaturas a serem formalizadas até ao final deste mês.

Questionado sobre o xadrez político, Centeno pouco diz sobre o que ele poderá representar na corrida. Antes destaca o relacionamento nos últimos dois anos entre Portugal e os outros 18 parceiros com quem partilha a moeda única.

“A Europa tem os governos que tem – uns são de esquerda, outros são de centro-esquerda, outros só de centro. Há uma enorme diversidade se for fazer o mapa de governos da Europa e é isso que faz parte da riqueza da Europa”. Para Centeno, a experiência dos últimos dois anos como ministro das Finanças pareceram dois dias. E dizem-lhe que o caso português tem “uma importância muito grande” no contexto europeu. “É preciso recordar o que foram os dois anos de Governo que hoje assinalamos e o que eram as dúvidas infundadas sobre o que eram as pretensões e os compromissos deste Governo nas matérias internas e externas”, lembrou.

Portugal, reclama Centeno em nome do executivo, é um “exemplo de grande sucesso” que “inspira na Europa” – e isso, diz, é aquilo que mais o deixa feliz ao assinalar os dois anos do Governo. “É muito bom que seja possível, por parte dos outros países europeus, rever[em]-se num Portugal cumpridor”, reconhecido pela “coesão social e política”, o que diz ser “aliás um caso ímpar na Europa de hoje”. O percurso de consolidação orçamental, disse, “mostrou que finalmente Portugal pode e sabe cumprir as metas que estabelece para si próprio, compreende a necessidade de as cumprir”.

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