Número de turistas chineses aumentou 40% até Setembro
Secretária de Estado avançou novos dados que confirmam crescimento do sector no congresso das agências de viagens, no qual também houve alertas.
A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, chegou ao congresso nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), em Macau, com vários indicadores de crescimento no bolso. O maior de todos diz respeito às receitas do turismo, que, entre Janeiro e Setembro deste ano, cresceram 19%. Ou seja, mostram os dados mais actualizados, entraram 11.500 milhões de euros por esta via para a economia portuguesa, mais do que entrou nos doze meses de 2015.
O saldo da balança turística está positivo em 8300 milhões (+21,6%) e, em Setembro, havia mais 70 mil pessoas a trabalhar no sector face ao mesmo mês do ano passado.
Diferentes factores contribuem para estes números, e a China é um deles, com o seu próprio recorde: nos primeiros nove meses do ano, destacou Ana Mendes Godinho nesta quinta-feira, houve um crescimento de 40% nos turistas chineses em Portugal (o que compara com 18% de 2016).
Para tal, foi fundamental a primeira ligação directa entre Pequim e Lisboa, inaugurada em Julho deste ano e operada pelo grupo HNA (accionista da TAP através do consórcio privado Atlantic Gateway).
Agora, disse a governante no primeiro dia do congresso (que decorre até sábado), pretende-se manter o actual ritmo de crescimento e “garantir que sabemos receber” os turistas chineses. Para já, entre estágios de profissionais chineses em Portugal e o aprofundamento de contactos e negócios – o programa oficial do congresso inclui um encontro entre operadores turísticos da China e de Portugal –, uma táctica é vender um destino maior do que o nacional.
À margem da abertura do congresso da APAVT, em declarações aos jornalistas, Ana Mendes Godinho explicou que o que se está a promover na China é a Península Ibérica. “Estamos a fazer uma promoção conjunta, com a mensagem de que indo à Península Ibérica tem-se a possibilidade de conhecer dois destinos diferentes, entrando ou saindo via Portugal”, sublinhou.
Sobre Macau, a secretária de Estado afirmou que o regresso do evento a esta região (a última vez tinha sido em 2008, e desde então o encontro anual tinha sido em território nacional) é a “confirmação da sua importância” para Portugal. Em representação da Região Administrativa Especial da Macau (RAEM) esteve o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que destacou a importância do congresso da APAVT para “dinamizar a oferta de pacotes e roteiros turísticos”. A inauguração dos voos directos Pequim-Lisboa, “com uma ligação a Macau”, representou um “passo histórico que há que aproveitar”, defendeu.
Agências lançam alertas
A boa conjuntura do sector também foi destacada pelo presidente da APAVT, que falou de “um ano positivo para as agências”, período em que se conseguiu também a revisão do acordo colectivo de trabalho.
Pedro Costa Ferreira destacou a existência de um “ciclo económico favorável, com mais crescimento, mais confiança na economia, mais consumo e menos desemprego”. Isto para logo depois alertar que “persistem preocupações várias, estrangulamentos” e muitas dúvidas face ao futuro.
Uma delas, e que mereceu bastante destaque, foi o que apelida de “taxas discriminatórias de reserva” praticadas pelos “gigantes da aviação”. Os prejudicados, diz, são a distribuição independente e as “companhias aéreas menos fortes, onde se incluem todas as portuguesas”. Para o presidente da APAVT, “parece razoável pensar que, através do movimento de consolidação da indústria aérea, estamos perante a tentativa de construção de um oligopólio bem definido”.
Pedro Costa Ferreira destacou também o novo regulamento europeu sobre a protecção de dados que irá entrar em vigor em 2018 e que, defende, não é claro “e as empresas não sabem ainda como cumprir”.
Mencionando a existência de uma “mistura explosiva formada por burocratas saloios e ignorantes” e “lobbies capazes de criar oportunidades de mais facturação, de mais consultoria jurídica”, sublinha que a lei “ameaça com multas que, por si só, podem determinar o fecho de uma empresa”. Neste caso, a mensagem tinha a secretária de Estado como destinatária – com a responsabilidade de clarificar a lei, disse Costa Ferreira –, que tomou nota mas não se pronunciou
O jornalista viajou a convite da APAVT.