Human Rights Watch apela ao fim de falsa "cura" para a homossexualidade na China
A ONG apelou às autoridades chinesas para que se acabe com a chamada "terapia de conversão" na China, uma prática que leva muitos indivíduos a serem submetidos a tratamentos dolorosos e inúteis.
A homossexualidade deixou de ser considerada uma doença mental na China em 2011, mas a terapia de conversão, uma prática que promete a "cura" daquela orientação sexual, continua a ser aplicada em muitos hospitais públicos e clínicas no país. A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, que entrevistou 17 pessoas que foram sujeitas a este tipo de terapia, apela a que sejam tomadas medidas relativamente à defesa dos direitos humanos dos homossexuais, bissexuais e transsexuais, e que sejam aplicadas leis que permitam banir este tipo de práticas na China.
Segundo o relatório daquela organização não-governamental, entre os 17 inquiridos, muitos confessaram que foram pressionados e obrigados por parte da família e médicos a submeterem-se à terapia de conversão, que tem como objectivo "curar" a homossexualidade e tornar os indivíduos heterossexuais. "O meu pai ajoelhou-se à minha frente, a chorar, implorando para que fosse", disse um dos entrevistados pela Human Rights Watch, referindo o pesado estigma social a que os homossexuais ainda estão sujeitos no país.
A terapia de conversão obriga os pacientes a tratamentos que incluem medicação forçada e choques eléctricos. Segundo a descrição feita pela CNN, as vítimas dos choques eléctricos são amarradas a uma cadeira ou a uma cama e estão ligadas a uma máquina. Durante o processo é-lhes pedido que pensem em experiências sexuais passadas ou são-lhes mostrados vídeos pornográficos enquanto são electrocutados, com o intuito de associarem o prazer sexual à dor dos choques eléctricos.
A susposta terapia não produz os efeitos pormetidos, tendo as vítimas mantido a sua orientação sexual. No entanto, o processo doloroso a que são sujeitas acaba por ter repercussões a nível psicólogico, incluindo depressões.
Para a Human Rights Watch, o facto de a China não ter leis que protejam os indivíduos de descriminação devido à sua orientação sexual faz com que haja uma necessidade de "salvaguardar os direitos humanos fundamentais" destas pessoas.
Apesar de existirem casos em tribunal na China que chegaram a bom termo, como o caso de um homem homossexual que, segundo a Associated Press, processou um hospital psiquiátrico depois de lhe ter sido ordenada uma terapia de conversão, esta terapia ainda está longe de ser totalmente banida num país onde a homossexualidade ainda continua a ser vista como um comportamento desviante.
Texto editado por Pedro Guerreiro