Câmara desliga fontes para fazer face à seca

Autarquia quer reutilizar as águas tratadas que saem da ETAR para regar e fazer a lavagem das ruas na frente ribeirinha, já que essas duas tarefas representam 75% do consumo de água da autarquia. Para já, as fontes que desaproveitam as águas vão ser desligadas.

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A Fonte Luminosa, na Alameda Dom Afonso Henriques, será desligada Carlos Lopes

Lisboa não é directamente afectada pela situação de seca prolongada que assola o país, mas a autarquia anunciou esta quarta-feira que vai desligar, temporariamente, as fontes ornamentais da cidade que usem água da rede e reduzir a rega em alguns espaços verdes. 

Na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcântara, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, sublinhou a necessidade de reduzir os consumos de água feitos pela autarquia de forma a contribuir para o “aumento das reservas que abastecem a cidade de Lisboa e que podem ser necessárias para outras zonas do país”. 

Abastecida pela barragem de Castelo de Bode, em Tomar, que é uma importante reserva de água do país, Lisboa está livre do confronto com a seca extrema, mas o autarca fala de “responsabilidade colectiva”. Por isso, entre as medidas que figuram no plano municipal de combate aos efeitos prolongados da seca está a suspensão do funcionamento de fontes públicas “que não utilizem exclusivamente água recirculada”.

São os casos da fonte da Praça do Império, em Belém, da Fonte Luminosa ou da Cascata do Parque das Nações, adiantou o autarca, explicando que estas fontes utilizam água da rede pública que é desaproveitada. Já as fontes que utilizam mecanismos de recirculação de água vão continuar a funcionar. 

De acordo com dados da autarquia, a Câmara de Lisboa é responsável por 15% do consumo total de água na cidade, representando as regas e lavagens de ruas 75% do consumo total. Entre as medidas apresentadas, Fernando Medina anunciou que será suspensa a rega “de todas as áreas circundantes” das grandes vias, como a Segunda Circular ou a Avenida Lusíada, visto que a estrutura verde tem condições de “subsistir durante bastante tempo sem essa rega regular”.

Quanto às restantes áreas verdes que estão sob gestão da câmara, notou o autarca, a rega vai ser reduzida “ao mínimo necessário à subsistência das espécies”. 

Reparar fontes e lagos

As medidas, que são temporárias (não há, para já, uma data para o seu fim), serão articuladas com as juntas, pois estas assumem, desde 2014, a gestão de espaços verdes e a limpeza das ruas.

Fernando Medina deu como exemplo a freguesia de Alcântara que utiliza “camiões-cisterna de água tratada” na ETAR para fazer a lavagem das ruas, uma prática que a autarquia quer “expandir para o resto da cidade”. 

O vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes, adiantou que está em curso a implantação de um sistema para que a água da ETAR, “não potável mas com as devidas normas de salubridade”, possa ser utilizada para a rega e limpeza das ruas entre Alcântara e o Campo das Cebolas. Fernando Medina especificou ainda que serão colocados “postos de abastecimento complementares, como os marcos vermelhos das bocas de incêndios”, que serão “a fonte fundamental para a limpeza das ruas e para o abastecimento das zonas verdes”. 

A câmara compromete-se ainda a reparar as fugas detectadas nos sistemas de água dos cemitérios do Alto de S. João, de Carnide e dos Olivais.

“Nos últimos quatro anos diminuímos para metade o consumo da água de rega, de fontes e cemitérios. Poupamos cerca de 750 mil metros cúbicos de água”, apontou Sá Fernandes, ainda que, na última década, a cidade tenha ganho mais 200 hectares de zonas verdes. A poupança, justificou, foi conseguida com a instalação “de sistemas de rega mais eficientes como os que foram instalados no Parque Eduardo VII e no Campo Grande”, e com a substituição “de cobertos regados por soluções de sequeiro” (que necessitam de menos água) nos parques urbanos e corredores verdes da cidade. 

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