Fundador da Web Summit pede desculpa pelo jantar no Panteão Nacional

"Temos uma abordagem muito diferente em relação à morte", disse o irlandês Paddy Cosgrave.

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Reuters/PEDRO NUNES

Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit, pediu desculpa neste sábado pela realização de um jantar no Panteão Nacional, em Lisboa, onde juntou vários empresários e investidores no último dia da cimeira de tecnologia. Cosgrave diz que pretendia “honrar a história de Portugal” e garante que o jantar foi organizado de acordo com as regras do espaço e “com todo o respeito”.

“Portugal, peço desculpa”, escreveu Cosgrave no Twitter. “Sou irlandês. Culturalmente, temos uma abordagem muito diferente à morte. Celebramo-la. Isso não faz com que esta seja a abordagem mais correcta em Portugal. Adoro este país como minha segunda casa e nunca tentaria ofender os grandes heróis do passado de Portugal”, disse ainda o fundador da Web Summit.

Em causa está um jantar feito nesta sexta-feira em Lisboa, num evento paralelo à Web Summit chamado Founders Summit. O local escolhido para o jantar foi o átrio do Panteão Nacional, a que só tiveram acesso, por convite, personalidades escolhidas a dedo entre grandes investidores, fundadores de grandes startups e multimilionários, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO

O jantar causou reacções de indignação nas redes sociais e de figuras políticas em Portugal. O primeiro-ministro António Costa referiu em comunicado que a utilização do Panteão Nacional para um jantar inserido na Web Summit é “absolutamente indigna”. “Apesar de enquadrado legalmente, através de despacho proferido pelo anterior Governo, é ofensivo utilizar deste modo um monumento nacional com as características e particularidades do Panteão Nacional", declarou António Costa, acrescentando que o Governo procederá à alteração do despacho em causa. 

Também o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, estranhou a ocorrência do jantar e entendeu “determinar a imediata revisão do referido despacho”. Castro Mendes diz que "não permitirá que a utilização para eventos públicos dos monumentos nacionais possa pôr em causa o carácter e a dignidade próprias de cada um desses monumentos".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criticou a utilização do espaço. "A imagem que eu tenho do Panteão Nacional não é a de ser um local adequado para um jantar, nem que seja o jantar mais importante de Estado", disse aos jornalistas, acrescentando que a decisão do Governo de rever o despacho é “muito sensata” e “muito óbvia”.

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