Mueller investiga envolvimento de Flynn em tentativa de rapto de imã muçulmano

O líder religioso Fethullah Gulen é procurado pelo governo turco por acreditarem que tenha estado envolvido na tentativa de golpe de Estado de 2016.

Foto
Flynn só esteve 24 dias na Casa Branca. Foi demitido depois de se saber das suas conversas com Moscovo Reuters/Carlos Barria

O procurador especial norte-americano Robert Mueller, nomeado para liderar a investigação à ingerência russa nas eleições dos EUA de 2016, está a investigar o possível envolvimento do conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn, num plano para raptar do líder religioso muçulmano Fethullah Gulen. Em troca, avança o Wall Street Journal nesta sexta-feira, receberia milhões de dólares.

Segundo o plano, Flynn – despedido por Donald Trump 24 dias depois de ter assumido o cargo na Casa Branca – e o seu filho Michael Flynn Jr, receberiam 15 milhões de dólares (quase 13 milhões de euros) por levar à força Gulen da sua residência nos Estados Unidos e entregá-lo ao governo turco. Isto segundo disseram ao Wall Street Journal fontes ligadas à investigação. O jornal escreve ainda que o FBI contactou, pelo menos, quatro pessoas sobre um encontro de Flynn com representantes do governo turco para discutir o afastamento de Gulen, em Dezembro passado.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusa Fethullah Gulen de ter instigado uma tentativa de golpe de Estado em Julho de 2016, daí que queira que seja extraditado para a Turquia para poder ir a julgamento. Gulen nega qualquer envolvimento.  

Estas novas informações surgiram na sequência da investigação liderada por Robert Mueller à alegada interferência da Rússia nas eleições norte-americanas, que teriam beneficiado o candidato Donald Trump, que acabou por vencer contra a candidata Hillary Clinton. A equipa de Muller recusou comentar as novas informações divulgadas pela imprensa.

Michael Flynn é uma das figuras centrais na investigação de Mueller por ter mantido conversas com o então embaixador russo em Washington, Serguei Kisliak. O próprio Flynn admitiu posteriormente ter abordado com Kisliak as sanções contra o Kremlim impostas por Barack Obama, antecessor de Trump, antes de deixar a Casa Branca. Os contactos entre Flynn e o embaixador russo começaram antes das eleições e continuaram durante o período de transição.