União Europeia suspende (outra vez) a votação sobre o glifosato
A proposta da Comissão Europeia para estender por mais cinco anos o uso do herbicida voltou a ser adiada esta quinta-feira, agora para o final do mês.
Estava marcada para esta quinta-feira mais uma votação da proposta da Comissão Europeia para prolongar por cinco anos a licença de utilização do glifosato. Afinal, a actual licença para utilização na Europa deste herbicida termina a 15 de Dezembro. Mas a votação foi de novo adiada. A Comissão Europeia, segundo a agência Reuters, irá submeter de novo a sua proposta no final do mês.
Esta quinta-feira, segundo o site Farming UK, 14 Estados-membros votaram a favor da nova proposta, incluindo a Dinamarca, o Reino Unido, Irlanda, Espanha, Hungria, Eslovénia, Eslováquia, Finlândia, Estónia, Letónia, Suécia, Lituânia, República Checa e os Países Baixos. Estes países representam 36,95% da votação. E nove Estados votaram contra, como a Bélgica, a Itália e a França. Os restantes cinco abstiveram-se, incluindo Portugal (que está representado no comité por um técnico da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária), a Polónia e a Bulgária. Segundo o mesmo site, a Alemanha também se absteve e representa 16% da população da Europa. Ora, para que a proposta da Comissão Europeia seja aprovada ou rejeitada, é necessária uma maioria de 55% dos Estados-membros, que representam 65% da população da União Europeia.
A votação para extensão da licença do glifosato tem estado envolta em polémica. A licença que está em vigor termina em meados de Dezembro e foi autorizada em Junho de 2016. Já este ano, a 25 de Outubro, a votação para alargamento da proposta de extensão do uso do glifosato por dez anos foi suspensa devido à forte probabilidade de chumbo dos Estados-membros. Na altura, e para que se pudesse encontrar um consenso, a França – que votou contra a proposta – referiu aceitar um alargamento de quatro anos para o uso do herbicida. “A França estava a favor de uma extensão mais limitada de três anos, mas poderia contentar-se com uma proposta da Comissão Europeia de quatro anos”, disse à agência Reuters na altura Christophe Castaner, porta-voz do Governo francês. A proposta desta quinta-feira já era então para um alargamento de cinco anos e a França voltou a estar contra.
Tem existido uma controvérsia quanto à natureza carcinogénica do glifosato. Esta substância está presente em herbicidas de uso corrente como o Round-Up (da Monsanto, que o desenvolveu) ou da Syngenta, BASF, Bayer, Dupont e Dow Agrosciences. Na Europa, há mais de 300 herbicidas à base de glifosato de cerca de 40 empresas diferentes. O uso do glifosato tem vindo a aumentar devido ao desenvolvimento de culturas geneticamente modificadas com o objectivo de resistirem a este herbicida.