Governo acredita em consenso com sindicatos dos médicos até ao final do ano
Falta chegar a acordo sobre a redução das listas de doentes por médico de família e sobre a redução das horas em urgências
O ministério da Saúde acredita que, até ao final do ano, chegará a um consenso com os sindicatos médicos, que hoje cumprem um dia de greve nacional, a segunda paralisação geral deste ano.
"Há um permanente diálogo, mas temos dois aspectos que ainda não estão fechados", disse o ministro da Saúde sobre as negociações com os médicos, recordando que falta chegar a acordo sobre a redução das listas de doentes por médicos de família e sobre a redução das horas em urgências.
Adalberto Campos Fernandes esclareceu que uma redução de utentes por médicos, de 1900 para 1500, colocaria em causa o compromisso de dar um médico de família a todos os portugueses até final da legislatura.
"Apesar da greve acredito que há condições para que, até final do ano, haja o consenso possível", declarou o governante aos jornalistas, à margem do primeiro fórum do Conselho Nacional de Saúde que decorre em Lisboa.
Os médicos de todo o país estão desde as 00h de hoje em greve, um dia de paralisação nacional que se segue a greves regionais nas últimas semanas.
A greve é marcada pelos dois sindicatos médicos, que se dizem "empurrados para o mais forte grito de protesto", depois de um ano de "reuniões infrutíferas no Ministério da Saúde".
Num comunicado divulgado pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), os sindicalistas consideram que o ministro da saúde "não foi sensível aos problemas" dos profissionais nem aos problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os sindicatos pretendem uma redução das listas de utentes por médicos de família e uma redução de 18 para 12 horas semanais no serviço de urgência.
É ainda reclamada uma reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, uma revisão da carreira médica e respectivas grelhas salariais e a diminuição da idade da reforma para os médicos, entre outras medidas.
A greve nacional de médicos, decretada pelo SIM e pela Federação Nacional de Médicos (Fnam) deve afectar consultas e cirurgias programadas, mas estão assegurados os serviços mínimos, como urgências, quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia ou cuidados paliativos em internamento.