Lei não determina periodicidade para a realização de análises de detecção da Legionella
Especialista em segurança e ambiente do Instituto de Soldadura e Qualidade diz que "seria vantajoso" definir prazos. Depois da notícia do surto no hospital S. Francisco Xavier aumentaram os pedidos de análises à água.
Apesar de existirem valores estipulados na lei em relação à presença da bactéria da Legionella no ar e na água, a legislação não determina com que periodicidade as análises devem ser feitas, explicou ao PÚBLICO Maria Manuel Farinha, responsável do departamento de segurança e ambiente do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), adiantando que nos últimos dias aumentaram os pedidos de análises na sequência do surto do hospital S. Francisco Xavier que infectou 35 pessoas e levou à morte de duas.
“Existem limites estipulados na legislação no que diz respeito à presença da bactéria, mas [a lei] não identifica a periodicidade para as análises, nem diz que as empresas têm de fazer planos de prevenção. São regras de boa prática. Apesar de existirem guias, haver uma definição da periodicidade seria mais vantajoso”, defendeu Maria Manuel Farinha.
O ISQ é uma entidade privada que presta serviços de inspecção e consultoria técnica a várias empresas privadas e do Estado, entre as quais hospitais. Por exemplo, em 2011 o instituto fez uma avaliação da qualidade do ar no Centro Hospitalar de Torres Vedras.
Segundo a especialista, as empresas fazem planos de prevenção onde indicam aqueles que consideram ser os pontos críticos onde a bactéria se pode desenvolver e estabelecem a periodicidade das análises. Os locais que por norma são alvo de avaliação são todo o sistema de refrigeração, reservatórios de água, chuveiros, entre outros.
Planos para cada altura do ano
O tempo quente aumenta a probabilidade de proliferação da bactéria, motivo pelo qual, referiu Maria Manuel Farinha, “os planos de prevenção devem ser adequados à altura do ano e às condições climatológicas”.
Segundo informação das autoridades de saúde pública, dada no início do surto, o hospital faz análises às torres de refrigeração de 15 em 15 dias, “mais do que a maioria das empresas” e num número que seria adequado para detectar a presença da bactéria.
Maria Manuel Farinha lembrou ainda que além da monitorização é preciso “fazer também o tratamento adequado para que nos intervalos das análises se evite a presença do agente infeccioso”.
Segundo Maria Manuel Farinha nos últimos dias, depois de conhecido o surto no Hospital S. Francisco Xavier, o ISQ “teve um aumento de 10% nos pedidos de análises para reforço da monitorização por parte de várias empresas como hotéis, indústria e hospitais privados”.