Dez anos de GDA, 108 discos
A Fundação Gestão dos Direitos dos Artistas assinala o décimo aniversário com a publicação on-line do catálogo completo dos discos que viabilizou.
Formada há dez anos, a GDA (Gestão dos Direitos dos Artistas), hoje Fundação, resolveu este ano sistematizar o seu trabalho: remodelou o site e publicou agora a lista dos projectos que apoiou, chamando-lhe Catálogo das Edições Fonográficas de Intérprete. A publicação, por enquanto, está apenas on-line, devendo em 2018 dar origem a um livro com um disco.
Mário Carneiro, director-geral da fundação, explicou durante a apresentação do projecto à imprensa que, ao chegar ao cargo, achou que era necessária essa sistematização. “Tem de se ter isto de alguma forma organizado”, disse. Não que tal organização não existisse, mas não tinha expressão pública. Agora sintetizam-na em números: dez anos, 108 projectos, cerca de 700 músicos. Em cada ano, a fundação recebe cerca de 200 projectos candidatos a apoio. Agora, ao fazer as contas, diz que já apoiou 108, dos quais dois estão ainda em fase de conclusão. No primeiro ano, 2007, foi apenas apoiado um projecto, mantendo-se baixo o número de apoios nos anos seguintes: três em 2008, cinco em 2009, um em 2010, dois em 2011 e dois em 2012. Depois, andou sempre na casa das dezenas: 24 em 2013, 23 em 2014, 11 em 2015 e 25 em 2016. Em 2017 foram apoiados 11, nove já concluídos e dois quase concluídos.
A lista completa pode ser consultada on-line. Tem nomes, capas, fichas técnicas o mais completas possível e amostras fonográficas de faixas com a duração de 30 segundos (em todas as faixas, nalguns discos; ainda inexistentes noutros). Nuno Galopim, jornalista e crítico musical que ficou encarregue de coordenar este projecto, disse que ali está “um microcosmos do grande espaço que é o da música portuguesa”. Na lista, que é possível consultar na íntegra ou ano a ano, estão nomes já com carreiras reconhecidas, como Luís Represas, Amélia Muge, A Naifa, Carlos Martins, Rita Redshoes, JP Simões, Pedro Jóia, Laurent Filipe, Mafalda Arnauth, Janita Salomé, Celina da Piedade, Filipe Raposo ou Noiserv, a par com nomes menos conhecidos ou mais recentes nas lides discográficas, como Bruno Pernadas, Lavoisier, Kolme, Senhor Vadio, Bia, Bruno Santos ou O Gajo.
Os apoios não se restringem a um género musical, indo da música popular com base tradicional (Segue-me à Capela ou Roda dos Quatro Caminhos, por exemplo) à música clássica (Lopes-Graça por Olga Prats ou Bruno Borralhinho com a Orquestra Gulbenkian a tocar música portuguesa para violoncelo e orquestra), passando pelo jazz e por vários géneros e correntes da música contemporânea, instrumental ou cantada. As fichas dos trabalhos apoiados, informa a GDA, serão completadas na medida em que isso seja possível, sempre com materiais e informações fornecidos pelos próprios artistas ou pelos seus representantes.
Um livro e um CD em 2018
Numa segunda fase, prevê-se o lançamento de um livro e de um CD em 2018. Este, “de raiz curatorial”, deverá incluir 20 faixas demonstrativas do conjunto dos trabalhos, numa escolha que caberá também a Nuno Galopim. O catálogo, dizem os responsáveis da fundação, reflecte “o trabalho que tem vindo a ser prosseguido de favorecimento à comunidade artística, à diversidade e à participação cultural.”
A Fundação GDA foi criada em 2010 pela GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas (fundada em 2007), tendo por missão, dizem os seus promotores, “a valorização e dignificação do trabalho e das carreiras dos artistas – músicos, actores e bailarinos –, bem como o seu desenvolvimento humano, cultural e social”. Isso inclui, entre outras coisas, “uma rede solidária de assistência social e, ainda, a promoção e divulgação dos direitos dos artistas, contribuindo desta forma para o desenvolvimento em Portugal da economia da cultura e do sector criativo”.