A estirpe não chegou à Europa

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Vírus da gripe A H7N9 observado ao microscópio electrónico ECDC

O que é o vírus da gripe H7N9?

A estirpe H7N9 do vírus da gripe A das aves que circula na China colocou as autoridades de saúde e cientistas em alerta desde a confirmação do primeiro caso de infecção em humanos, em Março de 2013. Em Setembro desse ano, um grupo de cientistas realizou um estudo in vitro que concluía que o H7N9 tinha uma capacidade inédita nos vírus da gripe aviária: era capaz de afectar células ao longo de todo o tracto respiratório humano (do nariz aos alvéolos pulmonares).

Por que é que se está a tornar mais preocupante?

Quando as primeiras infecções por H7N9 em humanos foram reportadas na China em Março de 2013, o vírus não provocava sintomas nas aves e acabou por passar despercebido. Chegou em silêncio. Ao contrário de outros vírus de gripe das aves, como o H5N2, as aves não morriam. Mas, em pouco tempo passou a revelar-se patogénico nos animais, que começaram ficar doentes e a morrer. Em Fevereiro de 2017, foi identificada uma mutação no vírus que o terá tornado mais patogénico nas aves. Esta nova variante já foi detectada em 25 dos 750 casos em humanos na última fase epidémica. O vírus espalhou-se por várias províncias da China. Mas já há registo de casos de infecção nas regiões de Hong Kong e Macau, bem como na ilha de Taiwan. Os Centros para o Controlo e a Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, já consideraram a estirpe H7N9 como a mais provável entre os vírus aviários para causar uma pandemia, classificando este risco como “moderado a alto”.

Quantas pessoas já foram infectadas?

O relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a H7N9, de 27 de Setembro, refere um total de 1564 casos de infecção na China confirmados que resultaram em 612 mortes (cerca de 40% das pessoas infectadas). Até agora, e apesar dos recentes alertas e comunicados Centro Europeu para a Prevenção e o Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), não há registo de qualquer infecção na Europa. As autoridades garantem que estão a vigiar a situação.

Qual é o risco de ser infectado com H7N9?

O vírus é transmissível através do contacto com animais infectados. Até agora, a transmissão de pessoa para pessoa do H7N9 ou do H5N1 (outro dos vírus da gripe das aves que também causa doença em humanos) não foi provada de forma sustentada. O ECDC não exclui a possibilidade de pessoas infectadas como o H7N9 entrarem no território europeu e introduzirem o vírus. No entanto, sublinham que o risco de infecção é neste momento considerado baixo até porque, insistem, ainda não existem provas claras da transmissão de humano para humano.

O que dizem as autoridades de saúde portuguesas?

Portugal age de acordo com as orientações do ECDC e da OMS. Em Maio de 2013, a Direcção-Geral da Saúde fez um comunicado sobre o aparecimento deste novo vírus, adiantando que emitiu recomendações aos profissionais de saúde sobre esta infecção. Contactados pelo PÚBLICO, responsáveis do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA, que gere o Programa Nacional de Vigilância da Gripe) e da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária confirmaram que não há qualquer registo de casos de infecção de humanos ou aves em Portugal. “Nem sequer houve nenhum caso suspeito”, adianta Raquel Guiomar, do INSA, garantindo ainda que o país tem uma metodologia para detectar rapidamente este vírus, bem como outros vírus aviários que nos infectam, o H5N1 e o H9N2. 

Qual é o tratamento para este vírus?

Fármacos que são inibidores de neuraminidase (como o Tamiflu) são os antivirais normalmente usados para o tratamento do vírus da gripe aviária nos humanos. Porém, uma das maiores preocupações com o H7N9 é precisamente o facto de algumas análises a pessoas e animais infectados terem detectado vírus que parecem resistir a algumas destas drogas.

Como é que a China está a responder ao H7N9?

Actualmente, as autoridades chinesas estão a vigiar as aves infectadas e a recorrer ao fecho dos aviários e mercados onde o vírus é detectado. O H7N9 ataca sobretudo na Primavera e no Inverno e, por isso, nesta altura do ano os avicultores tomam uma série de medidas de limpeza para prevenir infecções. Além do H7N9, a China está também agora a lidar com um surto de H5N6 que é altamente contagioso entre os animais (até Dezembro de 2016 a OMS confirmou dois casos de infecção em humanos) e já levou ao abate de milhões de aves.

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