Rui Moreira ganha no Porto com maioria absoluta, PS aumenta votação

João Teixeira Lopes falhou, de novo, a eleição para o Bloco de Esquerda. Coligação PSD/PPM só elege um vereador.

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Moreira conquistou a maioria absoluta com 44,46% dos votos Nelson Garrido

Rui Moreira e Manuel Pizarro, vencedor e derrotado nas eleições autárquicas para a presidência da Câmara do Porto, falaram antes de se conhecerem os resultados finais na cidade e de se saber, por isso, se o independente tinha ou não conseguido a maioria absoluta. Por isso, a maioria que Moreira conquistou, com 44,46% dos votos, acabou por não fazer parte dos discursos, entregues aos recados políticos. A poucas dezenas de metros de distância, na Avenida dos Aliados, gritou-se o nome dos dois candidatos. Na principal artéria da cidade cantaram-se vitórias diferentes nas duas sedes.

A noite quente empurrava os apoiantes de Moreira para fora da sede de candidatura, onde algumas dezenas de apoiantes iam entoando frases de apoio, entre o mais tradicional “Moreira, amigo, o Porto está contigo” e o enigmático (ou simplesmente sem sentido) “Pizarro na rua, Moreira na candidatura”. Foi só quando o autarca já se aproximava para falar, depois de aguardar, em vão, por resultados que fossem além das projecções indefinidas em relação à maioria absoluta, que a claque de Moreira entrou. Na sede do socialista Manuel Pizarro, a diferença foi ainda mais evidente: praticamente entregue aos jornalistas durante quase toda a noite eleitoral, só depois das 22h, quando o candidato estava a chegar, finalmente, é que a sala se enfeitou de gente.

Às 21h45, Moreira deixava um abraço “ao amigo” Manuel Pizarro, mas acusou o PS de tentar “condicionar” a candidatura. “O apoio que nos oferecia tinha um preço que o nosso movimento independente não podia nem queria pagar”, disse, criticando ainda os socialistas por terem levado para a campanha vários membros do Governo de António Costa, dizendo que o PS procurou “nacionalizar as eleições no Porto”.

Mas o ataque mais feroz foi para o PSD, com Rui Moreira a nomear os “grandes derrotados da noite”: António Tavares, Rui Rio e Paulo Rangel. “As eleições autárquicas no Porto não são as primárias secretas do PSD”, disse. O PSD não foi além da eleição de um vereador, Álvaro Almeida.

Para as outras candidaturas, nem uma palavra, e Manuel Pizarro aproveitou essa omissão para se distanciar do ex-parceiro na gestão camarária da cidade, saudando “todos os candidatos, sem excepção”, incluindo aqui Ilda Figueiredo, eleita pela CDU, e João Teixeira Lopes que, tal como em 2001, 2005 e 2009, não conseguiu ser eleito para a vereação. A Moreira, Pizarro desejou “as maiores felicidades”, mas não assumiu o papel de mau da fita no rompimento do acordo pós-eleitoral que existia na câmara, dizendo que o PS não tenta “reescrever a história”. “O PS travou esta batalha eleitoral em condições terríveis. Não esquecemos o que aconteceu no dia 6 de Maio quando alguém, que não fomos nós, rompeu um acordo que estava estabelecido”, disse.

Na batalha dos gritos de apoio e palmas, os presentes nas sedes dos dois candidatos empataram, mas Pizarro, mais efusivo nas palavras, deixou-se ficar, enquanto Moreira, cumprido o discurso, voltou a desaparecer para a zona privada da sua sede. O autarca reeleito prometeu concluir os projectos em curso e continuar a apostar na cultura, na diplomacia económica, na coesão social e na sustentabilidade. Pizarro garantiu que os eleitos socialistas vão “trabalhar com afinco e dedicação sem par a favor do Porto e dos portuenses”. E não falou em derrota, dizendo antes que o PS teve mais votos do que nas últimas autárquicas e até nas últimas legislativas.

Separados, mas ainda parecidos em vários aspectos, os dois terminaram as suas intervenções com citações. Moreira, que atacara fortemente o PSD, citou Francisco Sá-Carneiro: “O Porto sempre mostrou que para nós, a defesa da liberdade não é uma palavra vã. Há-de ser, portanto, o nosso partido. O partido do Porto.” Pizarro despediu-se com uma frase que atribuiu a Mário Soares, mas que é de Salgado Zenha: “Só é derrotado quem desiste de lutar.”

Corrige a notícia com a informação que a citação que Manuel Pizarro atribuiu a Mário Soares é, de facto, de Francisco Salgado Zenha.

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