Enfermeiros do Hospital de Guimarães não foram pagos pelos dias de protesto de zelo
Enfermeiros mantiveram-se no hospital a prestar cuidados gerais de enfermagem. Ordem dos Enfermeiros vai tentar impugnar a decisão da administração e vai accionar o fundo de solidariedade para ajudar os que ficaram com os salários reduzidos.
O Hospital de Guimarães não pagou o salário a 17 enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia nos dias em que estes fizeram protesto de zelo às suas funções especializadas. A informação foi avançada pelo Expresso e confirmada pela agência Lusa junto da bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
A administração hospitalar só pagou cerca de metade do vencimento por entender que durante 14 dias em que fizeram protesto estes enfermeiros faltaram injustificadamente ao serviço, esclarece o semanário. E adianta: os profissionais estavam na mesma a trabalhar no hospital, prestando cuidados gerais de enfermagem.
"Eu nunca vi um país comportar-se desta forma. Não se pode gerir serviços a coagir e a intimidar. Devolvo ao ministro, e nunca o tinha feito até hoje, as palavras que nos dirigiu. É imoral, ilegal e ilegítimo o que estão a fazer aos enfermeiros", afirmou Ana Rita Cavaco à Lusa.
A bastonária dos Enfermeiros diz que até ao momento não conhece outras situações semelhantes em mais unidades de saúde.
A administração do Hospital de Guimarães justificou sua decisão ao Expresso apoiando-se no parecer de Julho do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República que considerava o protesto ilegítimo e avisava que os profissionais que se recusassem a exercer funções especializadas poderiam vir a ser responsabilizados disciplinar e civilmente. Por isso, conclui a administração, "as faltas injustificadas não dão direito a remuneração".
Na resposta enviada ao semanário, a administração hospitalar explica ainda que os enfermeiros foram informados "atempadamente" da existência deste referido parecer, homologado pelo Ministério da Saúde.
Ordem dá apoio
Segundo Ana Rita Cavaco, a Ordem dos Enfermeiros vai dar apoio a estes enfermeiros do Hospital de Guimarães. Em primeiro lugar, um advogado irá tentar fazer a impugnação imediata do acto praticado pela unidade hospitalar. Depois, a Ordem vai accionar o fundo de solidariedade para ajudar os profissionais em causa, que ficaram com os salários reduzidos.
A bastonária contou ainda à Lusa que três dos 17 enfermeiros em causa se encontram de baixa médica "por falta de condições psicológicas e emocionais".
O protesto dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia decorre há cerca de um mês. Começou em Julho e foi suspenso para negociações com o Governo, mas entretanto os profissionais decidiram voltar à greve de zelo por considerarem que houve ausência de propostas.