Só para quem não tem vertigens (ou mesmo para quem tem): miradouro da Ponte 25 de Abril abre na quarta-feira

A viagem num elevador transparente, que nos põe ao nível do tabuleiro dos carros, dura 40 segundos. Os bilhetes da nova atracção turística de Lisboa vão custar seis euros.

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Daniel Rocha
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Chegamos finalmente à “prancha”, como lhe chama o arquitecto António Borges, depois de subir 372 degraus. E ainda bem que viemos a pé até ao novo miradouro panorâmico de Lisboa, situado ao nível do tabuleiro rodoviário da Ponte 25 de Abril, porque assim é possível, pouco a pouco, habituarmo-nos às estranhas sensações que vêm do baixo ventre e a que normalmente chamamos vertigens.

Estamos a 70 metros de altura e não conseguimos dar sequer um pequeno passo em direcção ao nosso interlocutor, autor da obra, que espera serenamente no meio da parte mais espectacular do miradouro, uma caixa de vidro, chão incluído, que se projecta no ar em direcção ao Tejo. É um pouco frustrante, porque se trata de percorrer os 2,70 metros de comprimento que tem aqui o miradouro, sendo que o objectivo final da visita é mesmo ter acesso a uma vista avassaladora sobre a zona ribeirinha de Belém ao Terreiro do Paço, e, claro, também sobre Almada e sobre o Tejo. “Isto vai-se vencendo, daqui a meia hora já conseguem”, diz este arquitecto das Infraestruturas de Portugal (IP), o organismo que gere a ponte e que lançou este projecto, em conjunto com o Turismo de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa. Seguimos as ordens de não olhar para o chão e conseguimos chegar à guarda do miradouro para contar os 13 barcos à vela que passeiam no rio neste último dia de Verão.

Mas quando, na quarta-feira da próxima semana, abrir ao público a Experiência Pilar 7, o nome do Centro Interpretativo da Ponte 25 de Abril, bastarão 40 segundos para chegar aqui ao topo. Toma-se o elevador exterior, escondido numa torre de metal que atinge os 80 metros de altura e que está colada ao pilar 7 – aquele onde nos habituámos a ler em letras garrafais “Ponte 25 de Abril”, na Avenida da Índia. É esse o percurso que o visitante normal vai fazer, depois de pagar seis euros à entrada.

Como promete o nome do centro interpretativo, “a ideia é experimentar através de várias sensações diferentes a Ponte 25 de Abril”, obra de engenharia que marcou o Estado Novo, inaugurada em 1966, e que está em vias de classificação pela Direcção-Geral do Património Cultural. Se a experiência mais intensa é a prancha-varanda do miradouro panorâmico, onde só podem estar 40 pessoas ao mesmo tempo, há outras à espera dentro do pilar 7, a começar pela possibilidade de entrar nesta enorme estrutura em betão, oca, onde estão protegidas as principais amarrações dos cabos de sustentação da ponte. De facto, é este o suporte principal da ponte na margem lisboeta. E é tão fundamental para ela se manter de pé que todos os visitantes têm de passar por um sofisticado sistema de segurança antes de entrar na Experiência Pilar 7.

“Dentro do maciço central só podem estar 100 pessoas,” explica Pedro Moreira, director de marketing do Turismo de Lisboa, responsável pela exploração da nova atracção turística da cidade. No percurso até ao elevador, num plano de musealização com o design do atelier P06, talvez o ponto alto seja a sala dos espelhos, que tem cerca de dez metros de pé direito, onde através de superfícies reflectoras se tenta recriar a sensação que é fazer a escalada vertical da ponte. “Quando as pessoas entram parece que estão a cair dentro de um precipício”, alerta, preparando-nos para as vertigens que vamos sentir. “Só tem um contra que é o dress code das senhoras…” O jogo de espelhos, explica o arquitecto António Borges, reflecte o espaço até ao infinito. Para quem tem vertigens, há uma passadeira de vidro fosco, que permite evitar os espelhos e a sensação de Alice-a-entrar-no-outro-lado-do-espelho.

Como o trânsito na ponte provoca um barulho ensurdecedor, e há muitas vibrações no interior do pilar quando passa o comboio que faz a travessia do Tejo, a visita tentou arranjar uma solução para o problema. Quando começamos a sentir a estrutura a tremer, dispara uma projecção numa das paredes de betão, absolutamente sincronizada com os horários da travessia ferroviária, e descobrimos o comboio a vir na nossa direcção. O efeito é potenciado se já estivermos na plataforma elevatória de vidro que no percurso museológico nos faz elevar uns bons metros dentro do pilar 7, a caminho da porta que nos leva ao elevador exterior. Durante a visita do PÚBLICO, conseguimos testar a plataforma, mas a projecção – e o efeito comboio-fantasma que imaginamos com alguns arrepios –, ainda estava em fase de teste.

Toda a informação da nova atracção turística de Lisboa, que espera conseguir 150 mil visitantes por ano, é dada em português e inglês. O projecto tem um pequeno parque de estacionamento a contar com os circuitos turísticos de autocarro que vão largar e buscar os visitantes. Os últimos números falavam de um investimento de 5,3 milhões de euros e o projecto significa também que o Turismo de Lisboa, que já é responsável pela operação de imóveis como o Arco da Rua Augusta, está a entrar, cada vez mais, na área da musealização de espaços patrimoniais.

A Experiência Pilar 7 só fechará no dia de Natal, estando previsto um horário de funcionamento das 10h às 20h até ao final de Setembro.

Notícia actualizadàs 16h17 acrescentando o valor final do investimento

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