Obama reage a medida de Trump contra imigrantes: “É cruel”
Ex-Presidente diz que a decisão de Trump é política e moral.
É uma medida “cruel”, “autodestrutiva” e “errada”. Foi assim que o ex-Presidente dos EUA Barack Obama reagiu à decisão anunciada pela administração Trump de revogar o decreto que criava um estatuto especial de imigração para os cerca de 800 mil cidadãos nascidos no estrangeiro e que entraram ilegalmente em território norte-americano quando eram ainda crianças.
“Vamos ser claros: a decisão tomada hoje não era exigida pela lei”, escreveu Obama num post no Facebook. “É uma decisão política e uma questão moral”, argumentou Obama, atacando a justificação dada pela Administração Trump de que o decreto era “inconstitucional”.
“Sejam quais forem as preocupações ou as queixas dos americanos sobre a imigração em geral, não devemos tratar o futuro deste grupo de jovens que estão cá sem culpa própria, sem serem uma ameaça e sem nos tirar nada”, escreveu Obama.
“O programa conhecido como Deferred Action for Childhood Arrivals [Acção Diferida para as Chegadas Durante a Infância, ou DACA, na sigla original], instituído desde 2012, vai ser revogado”, anunciou o Procurador-geral, Jeff Sessions, acrescentando que, no entendimento do Departamento de Justiça, se tratava de um programa “inconstitucional”. A essa justificação, Sessions adicionou um argumento político: “Não podemos deixar entrar todos aqueles que querem vir para este país. A política de fronteiras abertas foi liminarmente rejeitada pelo povo americano”, sublinhou.
Obama acusou ainda a actual Administração americana de ter lançado "uma sombra“ sobre estes jovens. "Uma sombra foi lançada sobre alguns dos nossos melhores e mais brilhantes jovens. Apontar a estes jovens é errado (…) e é cruel”, acrescentou o ex-Presidente, defendendo que se trata de "jovens que cresceram na América": "[São] Crianças que estudaram nas nossas escolas, jovens adultos que iniciaram a sua vida profissional, patriotas comprometidos com o respeito da nossa bandeira”, sublinhou.
Num declaração dura, o ex-Presidente afirmou ainda que esta é uma "questão de decência": "Isto é sobre se somos um povo que expulsa estes jovens esperançados na América ou se os tratamos da forma que gostaríamos que tratassem os nossos filhos. É sobre quem somos como pessoas – e quem queremos ser."