Professores querem que Ministério retire e reformule as listas de colocação

Professores concentraram-se esta quarta-feira na Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares no Porto.

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Daniel Rocha/Arquivo

Os professores concentrados esta quarta-feira no Porto entregaram na Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares uma petição para a retirada e reelaboração das listas de colocação dos professores anunciada no dia 25 de Agosto e válida por quatro anos.

Em declarações à Lusa, a coordenadora do Sindicato dos Professores do Norte (SPN), Manuela Mendonça, explicou que na base da manifestação que juntou cerca de uma centena de professores está a alteração de procedimento do Ministério da Educação do processo de colocação dos docentes.

"Ao contrário do que sucedeu nos últimos 11 anos, em que havia mais horários a concurso porque eram todos, os completos e incompletos, considerados ao mesmo tempo, este ano só os de 22 horas foram tidos em conta pelo Ministério", explicou.

Assumindo estarem numa corrida contra o tempo, a sindicalista manifestou "preocupação pela publicação, na próxima semana, dessas listas", argumentando que uma vez esta conhecida, a "reversão é mais difícil, "porque ai já haverá professores colocados nesses horários que, caso as listas seja, retiradas, reclamarão por se sentirem prejudicados".

Os professores concentrados aprovaram a moção preparada pelo sindicato e que foi depois entregue ao director-geral solicitando a retirada destas listas de colocação.

No documento é também solicitada a "integração de todos os horários no concurso" e que sejam "reordenados os candidatos" de modo a que não haja "ultrapassagens de professores menos graduados a professores mais graduados".

"A injustiça não é ir trabalhar muito mais longe do que no ano anterior, é saber que as escolas mais perto da minha residência foram ocupadas por colegas muito abaixo de mim na lista graduada", salientou Manuela Mendonça. E acrescentou: "este é um horário válido para quatro anos e a questão não é fazer o sacrifício de ir um ano para fora, mas sim durante quatro anos". "É urgente que o Ministério da Educação corrija isto agora, quando o pode fazer sem prejudicar ninguém nem beliscar a abertura do ano lectivo", disse a sindicalista.

Residente em Esmoriz e com o marido a trabalhar no Porto, Cláudia Pinto viu-se colocada em Arganil, a 140 quilómetros de casa, forçada a reviver o que enfrentou há 14 anos, quando iniciou a profissão. Com dois filhos, um deles "ainda em amamentação", a professora diz-se confusa quanto ao que vai fazer, confessando à Lusa "jamais" ter imaginado que, 14 anos volvidos, "voltaria ao ponto de partida". "Sinto que está cada vez pior, não encontro nenhuma estabilidade. Adiei ao máximo ter filhos, sabia que nunca iria estar a 15 minutos da creche deles mas, mesmo sabendo que este ano ficaria pior, nunca pensei que fosse tanto", lamentou.

O Bloco de Esquerda, representado pelo deputado Luís Monteiro, distribuiu um documento dirigido ao presidente da Assembleia da República, em que questiona a "alteração dos procedimentos do concurso", o facto de "não ter sido publicitada" a alteração antes do concurso e para saber da "disponibilidade do Ministério para resolver ou minorar" os problemas causados.