Recorde de incêndios foi batido de novo neste sábado
Em apenas três horas deflagraram mais de 70 incêndios. Miranda do Corvo activou Plano Municipal de Emergência e todo o distrito de Coimbra está também em alerta.
O dia amanheceu mais calmo, mas ao princípio da noite o número de incêndios florestais registados ultrapassou o da véspera (220). Este sábado bateu assim o recorde do ano em número de ocorrências. Segundo Patrícia Gaspar, adjunta nacional de operações da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), até às 20h50 contabilizavam-se 226, estando então ainda 19 fogos activos.
Só em três horas, mais de 70 incêndios deflagraram durante a tarde em vários locais do norte e centro do país. Devido aos fogos, às 18h30 foi activado o plano de emergência distrital de Coimbra. Na sexta-feira já tinha sido activado o plano municipal de emergência, que abrange apenas o concelho.
Segundo a responsável da ANPC, ao fim da tarde a situação era particularmente preocupante em Tomar, estando várias evacuações em curso na região e sendo previsível que outras tenham de acontecer nas próximas horas.
O incêndio, que lavra desde as 15h58 deste sábado na localidade de Carvalhal, obrigou à retirada “por precaução” de 17 pessoas e mantinha duas frentes activas por volta das 22h00. Há ainda registo de "uma casa devoluta que ardeu", na União de Freguesias da Serra e Junceira, afirmou a presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas.
O início do incêndio "foi muito violento e de propagação muito rápida, e os meios ao ataque inicial não foram os suficientes, até pela dispersão de meios aéreos e humanos em outras ocorrências na região", apontou.
Pelas 18h, também a Câmara Municipal de Miranda do Corvo (distrito de Coimbra) activou o Plano Municipal de Emergência, devido ao incêndio “de grandes dimensões” que lavra na freguesia de Semide e que colocava “em risco” diversas casas de cinco aldeias: Canas, Chãs, Vale de Colmeias, Cimo de Vila e Lata.
Fonte da câmara disse à Lusa que o incêndio começou no concelho de Coimbra, mas evoluiu rapidamente para Miranda do Corvo, tendo subido a encosta da Estrada da Beira.
Em Cantanhede o fogo que deflagrou ao início da tarde de sexta-feira reactivou durante a tarde, com uma frente "muito rápida e forte", segundo Patrícia Gaspar. As chamas levaram ao corte da A14 - Autoestrada do Baixo Mondego, nos dois sentidos.
Na Mealhada, distrito de Aveiro, o incêndio que deflagrou na quinta-feira e que tinha sido dominado durante a noite, reactivou igualmente pelas 16h53 e está “a arder com muita intensidade”, informou a Protecção Civil.
Fogo com "dimensão dantesca" em Ferreira do Zêzere
As chamas ganharam força ainda em Ferreira do Zêzere (distrito de Santarém). "O fogo já entrou na localidade de Beco e está a ir em direcção a Dornes. Está medonho", disse à agência Lusa o presidente do município, Jacinto Lopes, referindo que "há casas em risco".
De acordo com o autarca, as chamas estão "a aumentar de intensidade" e lavram de forma descontrolada, considerando que "vai ser muito complicado" combater o fogo. "Só agora é que vamos ter meio aéreo", notou Jacinto Lopes ao fim do dia, referindo que, por o céu estar "muito negro", poderá ser difícil para o meio aéreo operar.
"O fogo está com uma dimensão dantesca, a evoluir rapidamente e com projecções muito largas", acrescentou o autarca ao início da noite, referindo que, "por questões de segurança", foi necessário retirar algumas pessoas das suas casas, tendo estas sido transportadas para a Santa Casa da Misericórdia de Ferreira do Zêzere.
"Vai ser uma noite a defender pessoas e casas, temos muito trabalho pela frente", vincou, relativamente a um incêndio que o autarca afirmou ter "mão suspeita". O presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere disse ainda que "está a ser ponderada" a activação do Plano Municipal de Emergência.
Também o fogo que começou na sexta-feira em Alvaiázere, distrito de Leiria, e que tinha sido dado como dominado neste sábado de manhã, reactivou durante a tarde e obrigou ao corte da A13, afirmou a presidente da Câmara Municipal, Célia Marques.
O incêndio "está a propagar com grande velocidade", indo em direcção ao concelho vizinho de Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém, disse, acrescentando que as pessoas da localidade do Beco, em Ferreira do Zêzere, foram retiradas para uma localidade de Alvaiázere.
O Exército fez saber entretanto que quase 600 militares e 116 viaturas estão no terreno a ajudar no combate aos incêndios em vários pontos do país.